O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou nesta terça-feira (29) que vai eliminar as dez barragens construídas com método semelhante ao de Mariana e de Brumadinho que ainda existem no país. Todas ficam em Minas Gerais. Em entrevista coletiva, ele comentou a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da mineradora em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos.
O desastre de Brumadinho deixou ao menos 84 mortos, e 276 pessoas estão desaparecidas. Já o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, ocorreu em novembro de 2015, deixou 19 mortos e causou uma enxurrada de lama que gerou graves danos ambientais.
Na entrevista desta terça, o presidente da Vale se referiu especificamente às barragens que usam o método de alteamento a montante. As barragens que se romperam em Mariana e em Brumadinho tinham justamente esse tipo de estrutura. Embora seja bastante comum e mais barato, ele é considerado menos seguro por especialistas, em razão dos riscos de acidentes.
"Depois que esse desastre aconteceu, não podemos mais conviver com esse tipo de barragem", afirmou o presidente da Vale, Fabio Schvartsman. "Tomamos a decisão, que foi referendada pelo conselho da companhia hoje, de eliminar, acabar com todas as barragens a montante, descomissionando todas elas, com efeito imediato."
Ele descreveu que a mineradora tinha "19 barragens com a construção a montante". De acordo com o executivo, nove delas já haviam sido "descomissionadas" – faltavam dez. "Todas elas estão desativadas. Descomissionar significa deixa de ser barragens. São esvaziadas ou integradas ao meio ambiente."
Como já estavam inativas, essas barragens não recebiam mais rejeitos. A decisão de agora, então, é uma forma de acelerar a eliminação das estruturas com alteamento a montante. O processo de descomissionamento deve ocorrer ao longo de três anos, informa a Vale. A mineradora aprovou investimento de R$ 5 bilhões para eliminar essas barragens.
Schvartsman disse que, com a suspensão das atividades das minas que ficam perto das barragens a serem descomissionadas, a Vale deixará de produzir 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano. Em 2017, a companhia produziu 366,511 milhões de toneladas de minério de ferro.
A companhia também vai ter de reduzir a produção em cerca 10 milhões de toneladas de pelotas (pequenas bolinhas feitas a partir de minério de ferro fino, usadas na fabricação de aço). Em 2017, a Vale produziu 50,300 milhões de toneladas de pelotas.
Segundo o presidente da mineradora, há laudos de auditorias recentes dizendo que todas as estruturas estão em perfeita estabilidade: "Resolvemos não aceitar apenas esses laudos e decidimos agir de outra maneira".
Fonte: G1
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