A deputada federal Flordelis dos Santos foi impedida de levar alimentos para o filho adotivo Lucas Cezar Santos, preso na Cadeia Pública Tiago Telles de Castro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.
O jovem é acusado de envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo. Os agentes penitenciários não permitiram que a comida entregue pela deputada chegasse até a cela de Lucas. A tentativa ocorreu em março deste ano, mas foi revelada somente agora à CNN pela empresária Regiane Rabelo, ex-patroa do rapaz. Ela acredita que a refeição estava envenenada.
De acordo com as investigações da Divisão de Homicídio de Niterói, o envenenamento era uma prática usada de forma reiterada para tentar matar o pastor Anderson do Carmo.
A CNN mostrou que entre maio de 2018 e junho de 2019, Flordelis tentou envenenar o marido seis vezes. Anexo ao inquérito policial estão pelo menos quatro laudos com diversos atendimentos de Anderson em um hospital em Niterói, também na região metropolitana do RJ.
Regiane Rabelo, que também é uma das testemunhas do caso, conta que Flordelis agiu meses antes do crime já pensando em atribuir o assassinato do pastor ao filho adotivo.
Família de faz-de-conta
Segundo a empresária, Lucas relatava para ela como era viver naquela família de faz-de-conta, criada pela deputada. Desde que o ex-funcionário foi preso, Regiane tem dado assistência ao jovem, inclusive levando material de higiene pessoal.
Patrão de Lucas e marido de Regiane, Marcio Rabelo contou à produção da CNN que em abril de 2019, quando Lucas tinha ainda 17 anos, ele foi apreendido por suspeita de vender drogas. Acabou sendo liberado após se comprometer a comparecer todo mês à Justiça com um responsável – no caso, a mãe Flordelis.
O casal Rabelo reforçou que Flordelis nunca aparecia com o menor. Dias após Lucas Cezar completar 18 anos, em junho de 2019, o pastor Anderson foi assassinado. A deputada federal, já sabendo das pendências do filho com a Justiça, não hesitou em culpá-lo pela morte do marido.
Flordelis está proibida de visitar Lucas desde o surgimento de suspeitas de que o rapaz estava sendo coagido a mudar sua versão do assassinato do pastor Anderson. A Justiça determinou que o jovem só poderia receber a visita de um dos irmãos, Daniel dos Santos de Souza, da ex-patroa Regiane Ramos, do marido dela, Márcio Faria, e do defensor público Jorge Mesquita.
Depois da tentativa de Flordelis de entregar a refeição ao filho adotivo, o advogado Ângelo Máximo, assistente de acusação que representa a família do pastor Anderson do Carmo, pediu à Justiça o cancelamento da carteira que autorizava a deputada a visitar os parentes presos. A juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, determinou o cancelamento do documento.
A CNN tentou contato por telefone e por mensagens com a defesa e com a própria deputada Flordelis, mas não obteve retorno. A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro não explicou o motivo de ter impedido que a comida fosse entregue a Lucas.
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