A Polícia Civil apresentou na tarde desta quarta-feira (18) dois dos envolvidos na morte da policial militar Dulcineide Bernadete de Souza, 44 anos, durante assalto ao posto de saúde do bairro de Pituaçu, na segunda-feira (16). Segundo a polícia, cinco homens tiveram envolvimento no crime, um deles indiretamente.
Um dos apresentados é Lucas Silva dos Santos, 22 anos, conhecido como Machuca. Ele foi o responsável por escolher o posto onde foi realizado o assalto. Lucas foi preso na terça-feira (17), em Pau da Lima, por uma guarnição da 47ª Companhia Independente de Polícia Militar (47ª CIPM/Pau da Lima).
A polícia apresentou também Rodrigo Lima Bonadia dos Santos, de 24 anos, conhecido como Pão. Ele foi preso, também na terça-feira (17), no bairro de Cosme de Farias por equipes da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos. Segundo a polícia, Rodrigo estava envolvido de forma indireta no crime. Ele é o responsável por adulterar a placa do veículo usados na ação, um Fiesta branco que foi roubado na última sexta-feira (13), no bairro de Stella Maris.
Segundo a polícia, os suspeitos informaram, em depoimento, que a quadrilha tinha ido ao posto para roubar as armas dos policiais e os pertences dos servidores e clientes da unidade de saúde. Na ação, o grupo conseguiu levar dois revólveres, pertencentes aos PMs Dulcineide e Edmilson, a carteira deste último e dois celulares de pessoas que estavam no posto. Após o disparo contra Dulcineide, eles encerraram a ação e dispararam duas vezes contra o PM Edmilson, que não ficou ferido.
De acordo com a polícia, o grupo age como uma quadrilha especializada em crimes contra o patrimônio, tendo efetuado roubos a estabelecimentos comerciais, postos médicos e clínicas de saúde em Salvador. Os cinco são residentes do bairro de Cosme de Farias.
Na manhã desta quarta, um terceiro envolvido no crime, Josias Cerqueira dos Santos, 19, conhecido como Rato, morreu em confronto com policiais militares e civis no município de Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador. Ele é o responsável pelo disparo que matou a PM Dulcineide. Junto com Josias, a polícia apreendeu um revólver calibre 38, mas ainda não há informações se foi a mesma arma usada no crime. A arma seguirá para a perícia.
Outras duas pessoas seguem foragidas: Wilihans da Rocha Pita, o Coroa, e William Santana da Silva, o Talento. Na ação, Wilihans ficou do lado de fora do posto de saúde, fazendo a segurança externa. William era o motorista do grupo. O titular da Delegacia de Homicídios Múltiplos, Odair Carneiro, que lidera as investigações, prevê que eles serão presos em breve. "Já temos algumas informações e, até o fim dessa semana, todos estarão presos", projeta.
A Polícia Civil informou também que Josias já tinha passagem pelos crimes de tráfico e roubo. Ele havia sido liberado da prisão há 6 meses. Já Lucas e Wilihans também tinham passagem por tráfico e roubo e haviam sido liberados há duas semanas.
Lucas, que confessou participação no assalto, afirmou não saber o motivo do tiro. "Quando ouvi o disparo, saí correndo. Minha função era só passar a visão", disse, garantindo estar arrependido.
O Crime
A policial militar Dulcineide Bernadete de Souza, 44 anos, morreu no início da noite de segunda-feira (16), após ser baleada na testa pela manhã durante um assalto à Unidade Básica de Saúde de Pituaçu, em Salvador. Ela foi socorrida ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
No momento do crime, o posto estava cheio de pacientes à espera de atendimento. Por causa do crime, o funcionamento do posto foi suspenso. A Secretaria Municipal de Saúde informou que a unidade de saúde e segue sem previsão de reabertura.
Dois criminosos, Lucas e Josias, entraram na unidade de saúde e renderam o soldado da PM Edmilson, que trabalha no local. Ele foi algemado e colocado em uma sala de vacinação anti-rábica, que fica na entrada da unidade. A PM Dulcineide estava no banheiro localizado na recepção do prédio e, ao sair, foi baleada por um dos suspeitos. O tiro atingiu a policial na testa. Segundo o delegado Odair, a PM ainda tentou reagir. "Quando ela notou que estava ocorrendo uma ação violenta, esboçou uma reação, tentou puxar sua arma, mas foi atingida com um disparo de arma de fogo", conta.
Antes de fugir, o trio voltou à sala onde estava Edmilson e efetuou dois disparos, mas nenhum atingiu o policial. Os bandidos fugiram no mesmo carro que chegaram ao local levando as duas armas dos policiais, a carteira do soldado.
Força-tarefa
Segundo a Polícia Civil, Dulcineide foi a 11ª policial a ser assassinada este ano, em Salvador e Região Metropolitana. No estado, foram 17 policiais militares, civis, rodoviários e das forças armadas, sendo três em serviço. Desde junho de 2014, as mortes de policiais na capital são investigadas por uma força-tarefa conjunta das polícias Civil e Militar, liderada pela Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM). "Desses 11, só temos um caso de policial que foi morto e não conseguimos chegar à solução. No total, foram 17 presos e 5 mortos, resistentes a confrontos com a polícia", enumerou Odair Carneiro, titular da DHM.
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