O papa Francisco beijou a mão de uma vítima de pedofilia, o polonês Michael Lisinski, às vésperas da histórica cúpula organizada pelo Vaticano para discutir e combater os crimes de abusos sexuais cometidos por membros do clero.
De acordo com a imprensa da Polônia, Francisco se reuniu ontem (20) com o jovem, que estava acompanhado da deputada Joanna Scheuring-Wielgus. A dupla entregou ao líder católico um relatório sobre a incidência dos crimes de pedofilia na Polônia, assim como uma lista com os nomes dos bispos locais que teriam tentado acobertar as denúncias. Durante a madrugada, na cidade polonesa de Danzigue, três homens derrubaram a estátua do sacerdote Henryk Jankowski, recentemente acusado de abusos sexuais. O religioso morreu em 2010 e era notório por estar à frente da Igreja de Santa Brígida.
O trio, originário de Varsóvia, filmou a ação e publicou o vídeo nas redes sociais. Eles foram presos e deverão ser interrogados pela polícia. Nesta manhã, Francisco abriu no Vaticano um seminário que reúne mais de 100 bispos de todas as partes do mundo. O evento durará quatro dias e tem como meta estabelecer novos protocolos de conduta dentro da Igreja Católica quando uma vítima denuncia um caso de abuso sexual.
"Peçamos ao Espírito Santo para nos fortalecer nestes dias e nos ajudar a transformar este mal em uma oportunidade de consciência e de purificação", escreveu o Papa em seu perfil oficial no Twitter. "Senhor, tu conheces a resistência que temos em colocar dentro de nosso coração as dores dos outros. Abre os nossos corações e os modele a tua imagem. #PBC2019", escreveu Francisco, usando a hashtag do evento. O Papa fez um discurso na abertura do encontro no Vaticano, no qual pediu "medidas concretas e efetivas" para punir os religiosos que cometerem abusos. "O povo de Deus espera que nós não apenas condenemos, mas que tomemos medidas concretas e efetivas", afirmou.
Também nesta manhã, os mais de 100 bispos assistiram a um vídeo projetado dentro da sala da conferência com relatos de vítimas de pedofilia ao redor do mundo. "Vocês seriam os médicos da alma, no entanto, com exceções, transformaram-se em assassinos da alta, em assassinos da fé. É uma contradição terrível", disse uma das vítimas, no vídeo. Outra vítima, uma mulher africana, contou que "começou a ter relações sexuais com um padre aos 15 anos de idade" e que "os abusos duraram 13 anos consecutivos". "Fiquei grávida três vezes e ele me fez abortar as três vezes, simplesmente porque ele não queria usar métodos anticonceptivos. Eu tinha medo dele e, toda vez que eu me recusava a ter relações sexuais, ele me agredia", disse.
Em vários relatos, as vítimas contaram como foram criticadas ou apontadas como "mentirosas" por denunciar os abusos, o que dificulta as investigações. (ANSA)
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