Uma pequena e barulhenta revolução tem sacudido os bastidores do futebol brasileiro neste início de 2016. Tudo porque, após anos de monopólio dos direitos de televisão do Campeonato Brasileiro, a Globo pode perder parcialmente este privilégio com a forte concorrência do Esporte Interativo (EI) para tirar da emissora, ao menos, o contrato para transmissões na dita 'tevê fechada'.
[caption id="attachment_32586" align="aligncenter" width="650"] Bahia, Santos, Coritiba, Atlético-PR e Internacional acertam bases de acordo com Esporte Interativo (Foto: Lúcio Távora/Ag. A Tarde)[/caption]
Após uma reunião finalizada na noite desta terça-feira, 2, cinco grandes clubes do país, dentre eles o Bahia, selaram as bases de um acordo de seis anos com a EI, de 2019-2024.
"Não é só a questão financeira, que é bem vantajosa para os clubes em relação à primeira oferta da Globo. Mas é, sobretudo, por uma distribuição mais equânime dos recursos. A proposta do Esporte Interativo deixa o Brasileirão mais justo, e entendemos que esse é o caminho", explica Pedro Henriques, vice-presidente do Bahia.
Além do Tricolor, participam do acordo Santos, Coritiba, Atlético-PR e Internacional. Flamengo e São Paulo estão em negociações com ambas as empresas ainda. A Globo já fechou contrato com oito clubes: Corinthians, Fluminense, Vasco, Botafogo, Vitória, Sport, Cruzeiro e o Atlético-MG.
No atual contrato, que vai até 2018, a Globo - que transmite a Série A na tevê fechada por meio do Sportv - paga um total de R$ 60 milhões aos clubes. A proposta da EI seria até sete vezes maior, segundo apuração da reportagem. "Depende também de quantos clubes iriam aderir a esse contrato. Se os 20 times que disputam a Série A assinassem, o total seria mesmo próximo disso", disse Henriques, sem confirmar o valor exato da transação.
Risco de retaliação
Desde a década de 90, o Grupo Globo fecha acordo com os clubes em forma de pacote, envolvendo as transmissões de tevê aberta (na Globo e afiliadas), fechada (Sportv), pay-per-view (Canal Premiere) e venda de placas de publicidade.
Perguntado se ao quebrar o 'pacotão' da emissora, o Bahia e os clubes não acham que pode haver risco de retaliação nos outros contratos além da tevê fechada, Pedro Henriques foi enfático. "Claro que há um risco. Mas também é um risco manter as bases do contrato atual e um mercado dominado por um agente só. Nós, clubes, precisamos conversar mais e sermos mais unidos", disse o dirigente, que falou ainda que após o início da concorrência da EI, a Globo apresentou aos clubes uma nova proposta "bem mais sensata".
"Nossa principal receita e a de todos os clubes vem da televisão. Assim, é claro que nos reguardamos no acordo com uma garantia em caso de problemas para fecharmos os contratos de tevê aberta e pay-per-view. Acreditamos que logo depois do Carnaval já tenhamos uma definição em relação a esse negócio", finalizou Henriques, sem revelar quais seriam as garantias.
A reportagem apurou também que o Esporte Interativo precisa de mais três clubes para ter o pacote mínimo que gostaria, com oito times e até 76 jogos. A emissora, que recentemente foi adquirida pela gigante Turner (da TimeWarner, dona também da CNN, TNT e Cartoon Network, dentre outras), tem também exclusividade na tevê fechada para a transmissão da Liga dos Campeões e da Copa do Nordeste.
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