Preso numa emboscada da polícia no final da tarde desta quinta-feira (23), Rafael de Lima Silva, 24 anos, confessou ter estuprado e roubado 18 mulheres. Inicialmente, ele disse à polícia que tinham sido quatro vítimas, mas logo que os investigadores tomaram posse do seu celular, ele acabou revelando outros casos. É que o crime acontecia primeiro através de sites de relacionamento e daí partia para o aplicativo de mensagens WhatsApp, por onde Rafael e a vítima combinavam o encontro. Das 18 vítimas, a polícia já identificou três.
Segundo o agressor informou aos policiais, o objetivo por trás dos encontros era roubar os celulares das vítimas que, de acordo com ele, eram todas prostitutas. No entanto, na tarde desta sexta-feira (24), depois de ver o noticiário sobre a prisão de Rafael, uma mulher que não se identificou como profissional do sexo foi à Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), reconheceu o agressor e registrou ocorrência de estupro ocorrido no dia 14 deste mês, na Engomadeira. A polícia a considera como a 19ª vítima. “Ele nos disse que faz isso há sete meses e uma das vítimas relatou ter sido estuprada há seis. Até então, as histórias estão batendo, mas a investigação continua. Provavelmente, vamos descobrir outros casos”, afirmou a delegada titular da DRFR, Carla Ramos.
Armadilha
A prisão de Rafael envolveu um trabalho de inteligência da polícia. Uma das denunciantes, estuprada e assaltada no dia 4 deste mês no bairro da Calçada, é prostituta e compartilhou o caso e a foto do agressor com algumas colegas de profissão. Entre as colegas, estava uma adolescente de 16 anos que se prostitui escondido dos pais. A menor colocou fotos suas em um site que promove encontros sexuais e recebeu mensagens de Rafael negociando um programa. Quando a conversa chegou no WhatsApp, Rafael lhe mandou uma foto dele. A jovem então reconheceu o agressor da amiga e, juntas, elas levaram o caso à delegacia.
A partir daí, a polícia passou a articular um plano para capturá-lo, orientando o que a garota deveria falar para Rafael através do aplicativo. Com as instruções, a adolescente marcou um encontro no Largo do Tanque, ao lado de um salão, onde ele deveria buscá-la para irem a um motel. Ao chegar ao local, os policiais deram voz de prisão e Rafael foi pego portando duas facas, sendo uma do tipo peixeira. "Quando a mulher chegava, ele a recebia com um facão do tipo peixeira e a estuprava. Depois pegava dinheiro e pertences da vítima e ia embora", afirmou a Polícia Civil, em nota. O estuprador não foi preso em flagrante, porque não chegou a consumar nenhum delito. Ele está em prisão temporária, mas a delegada já solicitou a preventiva.
Carteira assinada
As mulheres identificadas pela polícia até agora têm perfis totalmente diferentes. De acordo com a titular da delegacia, Rafael escolhia as vítimas pelo modelo do celular. Na conversa com a adolescente, ele pede que ela tire uma foto no espelho. Era essa a tática que ele utilizava para ver o aparelho da vítima. “Ele disse que vendia os aparelhos na OLX e na Feira do Rato por R$200 a R$250”, conta a delegada.
Ainda de acordo com ela, o agressor tinha um perfil inusitado: tem esposa, filho e ganha cerca de R$1.700 com carteira assinada numa empresa de logística. Conforme informou à polícia, os crimes começaram através do bate-papo do site UOL, onde ele trocava telefone com as mulheres. Os investigadores descobriram que ele chegou a marcar até três encontros num dia. Só depois é que ele passou para os sites de prostitutas. Com a série de estupros, Rafael foi ficando cada vez mais violento. Uma das vítimas relatou, por exemplo, que foi agredida depois de pedir que ele usasse camisinha.
Denuncie
“O que diferencia o sexo do estupro é o consentimento. As mulheres foram ao encontro com uma intenção e foram recebidas com outra. Além de estuprar, ele filmava os rostos das mulheres e ameaçava colocar na internet”, relata a titular. Rafael foi apresentado à imprensa na tarde de hoje, mas não quis comentar o caso. Ele responderá por crime de estupro, roubo e posse sexual mediante fraude.
As mulheres que já denunciaram o crime até agora estão sendo encaminhadas para atendimento médico e psicológico no Centro de Referência de Atendimento à Mulher - Loreta Valadares (CRAMLV). A delegada Carla Ramos pede que as outras vítimas do estuprador registrem os casos na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), localizada na Baixa do Fiscal. O telefone da central de atendimento à mulher vítima de violência é o número 180.
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