Nilton Oliveira Lima foi preso nesta quinta-feira (21) acusado de envolvimento na morte do policial militar Elias de Santana Souza, 47 anos, esta semana na Federação, em Salvador. Ele era o dono do Corsa usado pelo bando na ação. Segundo o delegado Menezes, ele foi até o DHPP para tentar recuperar o carro usado no crime, que tinha sido localizado pela polícia abandonado no Alto de Ondina. “Ele veio buscar o carro como se fosse vítima e depois vimos que ele fazia parte do grupo”, explicou.
Nilton é o terceiro preso acusado pela morte do PM. Um quarto está sendo procurado. O PM foi morto na noite de terça em uma tentativa de assalto no Parque São Brás. Segundo a polícia, ele foi abordado somente por dois homens, enquanto outros dois ficaram no Corsa branco que o grupo usou para fazer a abordagem ao cabo, quando ele falava ao celular na rua Pedro Gama, na frente da ex-mulher e de uma criança. Dos quatro, três foram presos entre a noite de anteontem e a manhã de ontem: além de Nilton, Edigledson Silva Almeida e Diélio Cardoso dos Santos.
“Os três dizem que tiveram participação e contam que há mais uma pessoa, mas não vamos divulgar o nome para não prejudicar as investigações”, disse o delegado Daniel Menezes, logo após ter interrogado os suspeitos na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba. Agora, a polícia faz buscas para localizar o quarto suspeito.
O primeiro a ser preso foi Edigledson, ontem. De acordo com a Polícia Militar, ele estava em casa, em Pau da Lima, e foi localizado por uma equipe da Operação Apolo. O suspeito afirma ter conduzido o carro que deu fuga aos autores dos tiros que feriram o cabo Elias.
Na manhã de hoje, Diélio Cardoso Santos, 23, foi preso nas proximidades da Rodoviária. Ele foi identificado e preso pela Seção de Inteligência da 41ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Federação). “Não acredito que ele estava tentando fugir. Ele já sabia que a gente estava procurando ele, que tínhamos foto. Ele foi preso na rua”, contou o major Mário Bonfim, comandante da 41ª CIPM.
[caption id="attachment_37659" align="aligncenter" width="620"] Dielson e Edigledson (Foto: Divulgação)[/caption]
Uma testemunha ouvida pelo Correio disse ter reconhecido Dielson como um dos dois homens que desceu do carro na abordagem, mas a polícia não confirma qual deles foi o responsável pelos tiros. Os três devem responder por latrocínio e formação de quadrilha. Além disso, Nilton também foi autuado por comunicação falsa de crime.
Abordagem
O cabo Elias estava na PM há 22 anos. Era lotado na 17ª CIPM (Uruguai) e tinha trabalhado durante todo o dia, na terça-feira. Por isso, desde cedo, ligou para a ex-mulher, uma cozinheira de 37 anos, para pedir que ela lhe preparasse uma quentinha. Ele buscaria naquela noite, para jantar em casa.
Já passava das 20h quando chegou na rua Pedro Gama. “Quando ele chegou, me ligou e pediu para subir com a janta. Preferiu não descer”, contou a mulher, que não vamos divulgar o nome. Ela mora no local com o atual marido e os cinco filhos – desses, quatro com Elias, com quem mantinha uma relação amigável.
Foi com a filha mais nova, de 4 anos – a única que não era dele – que a cozinheira subiu para entregar a comida. “Ele estava do lado do motorista, falando no telefone. Aí veio, abriu o lado do carona para eu botar as coisas no fundo e depois fechou a porta. Mas continuei parada, esperando ele desligar o celular. Ele estava encostado no carro, distraído”, relembra ela. Talvez por isso, Elias não tenha notado quando o Corsa branco apareceu na rua.
Só percebeu quando um dos suspeitos desceu do veículo e saiu em sua direção. “Ele disse ‘passe a chave do carro’. Elias botou a mão para cima e pediu calma, mas foi se afastando para perto do carro, para proteger eu e minha filha”, relatou.
O cabo da PM também não viu quando um segundo homem veio na direção deles. Quando Elias pareceu fazer uma menção a reagir e entrar em luta corporal com o suspeito que estava em seu campo de visão, a mulher escutou os tiros. “Quando eu vi que ele ia dar um soco, virei o rosto e puxei minha filha. Só vi os tiros e pensei ‘agora, vou morrer’. Não consegui ver qual deles atirou. Logo arrastaram o carro. Ele ficou caído, ensanguentado”, lembra ela, que logo começou a gritar por ajuda.
Socorro
Uma viatura da PM, que passava pelo local, tentou socorrê-lo, mas Elias já havia morrido. “Foi tudo muito rápido. Tinha uns 15 minutos que eu estava esperando ele ali no telefone. Ele não era de ficar desligado, pelo contrário. Era todo cismado, muito atento. Mas o celular tirou a atenção dele”, disse. A cozinheira e o PM ficaram juntos por 11 anos, mas, oito anos atrás, se separaram. Elias morava em Pau da Lima, com a atual mulher.
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