O apresentador Luciano Huck nega ter deletado fotos do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), de quem diz ser amigo há 17 anos, de suas redes sociais. Contraria, assim, a versão que prevalece no 'tribunal da internet', onde foi acusado de tentar apagar os rastros digitais de uma amizade que começou em 2000, "depois que mudei para o Rio a trabalho", como diz o paulista à reportagem, por e-mail.
As recentes acusações contra o tucano, distanciado do Senado por ordem do Supremo Tribunal Federal, teriam provocado o "apagão" nos perfis do apresentador da TV Globo -um dos nomes na bolsa de apostas para concorrer à Presidência em 2018. Internautas o provocaram com legendas como "oi @lucianohuck vi que vc apagou todas fotos com o aecio gostaria de saber se está td bem...".
"Não haveria razão para deletar quaisquer imagens das minhas páginas. Mas como a internet é um território sem lei, qualquer um pode dizer o que quiser", afirma Huck.
Para ele, a confusão pode ter se dado porque muitas fotos com Aécio "são registros antigos, alguns feitos há mais de sete anos, e que por isso naturalmente vão ficando para trás nas timelines das redes sociais". Alguns dos retratos, frisa, "nem meus são".
A reportagem fez uma varredura no Instagram de Huck, que é enteado de um tucano velha guarda, Andrea Calabi, ex-secretário da Fazenda de São Paulo. Até a tarde de quarta (24), eram 2.080 fotos postadas desde 2012. Dividem o quadro com Huck personalidades como Madonna, Roberto Carlos, Neymar, Silvio Santos, Caetano Veloso e Gregorio Duvivier. Aécio não está lá.
"De coração, não sei te responder", diz o apresentador ao ser questionado sobre a ausência de registros da amizade.
"Não faço a menor ideia. Todas as fotos que rodaram nas redes esta semana são muito antigas, não tem nada recente. Podem ter sido postadas nas redes do Aécio, por exemplo. O que posso te garantir com toda a sinceridade é que não apaguei foto alguma recentemente em função dos acontecimentos da semana passada."
Algumas das imagens das quais é acusado de se livrar de fato vieram não dele, mas da imprensa ou de outros perfis virtuais.
Caso, por exemplo, de uma de 2014, em que Huck faz parte de uma turma que acompanha a apuração de votos da eleição que acabou consagrando Dilma Rousseff (PT), na casa de Andrea Neves, irmã de Aécio e hoje presa. O global está atrás do então presidenciável do PSDB, com adesivo no pulôver onde se lê 45, o número da chapa tucana.
Outras fotos trazem os dois amigos sorrindo em roupas sociais, esportivas, de camisa do Brasil e com abadá de um evento musical patrocinado pela Oi.
"Que atire a primeira pedra quem nunca se surpreendeu negativamente ou se decepcionou com um amigo", diz Huck. "Não vou renegar minha relação de amizade com ele, nem mesmo em um momento tão negativo da sua vida. Mas é importante que se diga que nunca misturei amizade com política ou negócios em nossa relação."
"É evidente a minha enorme decepção e tristeza com tudo o que veio à tona em relação não só a um amigo, mas a alguém que foi governador, senador e que recebeu mais de 51 milhões de votos numa eleição presidencial recente", diz o apresentador.
"Acho igualmente importante registrar que considero gravíssimos os fatos recentemente divulgados sobre sua conduta. Se forem comprovados, devem ser punidos com rigor dentro do que determina a Justiça. São comportamentos que refletem de forma emblemática boa parte daquilo que queremos banir da nossa sociedade."
O apresentador também foi achincalhado por aparecer em retratos com outros envolvidos em escândalos de corrupção, como o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista. Foi fotografado a bordo de um iate justo com Joesley Batista, dono da JBS e delator que gravou o áudio que ajudou a sepultar a carreira política do amigo.
Outro vestígio virtual que voltou para puxar o global pelo pé: um tuíte de 2009 em que ele manda "um parabéns especial para Eike Batista, Eduardo Paes [ex-prefeito do Rio] e Sergio Cabral".
"À exceção de Aécio, nenhuma destas figuras é ou foi meu amigo. São, isto sim, pessoas com as quais em circunstâncias diversas estive junto por motivos também diversos", diz.
Já a amizade com o político tucano rendeu alguns réveillons em Angra dos Reis, onde Huck e a também apresentadora Angélica, sua esposa, têm casa.
Em 2006, a revista "Caras" destacava a presença do casal no aniversário de 15 anos de Gabriela, filha de Aécio (à época governador de Minas) com a ex-mulher Andréa Falcão, "numa noite mineira que agitou o carioquíssimo Museu de Arte Moderna do Rio".
Angélica falou de seu "cabelo novo" (tingira as madeixas) e da relação com a família anfitriã. "Somos muito amigos do Aécio, e, pelo pouco que conheci a Gabriela, percebi que ela é uma menina maravilhosa como o pai."
Quatro anos depois, revistas de celebridades deram destaque a um jantar que Huck ofereceu ao amigo, então candidato ao Senado. O apresentador André Marques foi DJ na festa que serviu vinho tinto a convidados como Gilberto Gil, Luiza Brunet, Eduardo Paes, Taís Araújo e Carolina Dieckmann.
Huck pede para irmos "aos fatos". Pois: "Minha vida é pública há mais de 20 anos e definitivamente não vivo recluso ou encastelado. Ao contrário, sempre fiz questão de viver o dia a dia do país intensamente nas ruas, sem nenhum tipo de preconceito quanto às milhares de pessoas com as quais interagi e interajo cotidianamente. Nesses anos todos, convivi, criei vínculos de amizade ou simplesmente cruzei com muita gente pelo caminho".
Com informações da Folhapress
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