O ex-governador Jaques Wagner teria sido beneficiário de R$ 82 milhões no esquema envolvendo a parceria público-privada (PPP) com a Fonte Nova Participações. A informação foi divulgada pela chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção, Luciana Matutino, no âmbito da Operação Cartão Vermelho, deflagrada na manhã desta segunda-feira (26).
De acordo com Matutino, os valores foram entregues em espécie, através de um preposto da Odebrecht, Cláudio Melo Filho – um dos executivos que formalizou o acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Segundo a delegada, o executivo da Odebrecht entregava os valores também a prepostos do ex-governador, no caso o atual secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, e o empresário Carlos Daltro. A única exceção teria sido um montante entregue na residência da mãe de Wagner, no Rio de Janeiro. Luciana esclarece ainda que a maioria das doações não foi voluntária.
“Uma [doação] que é mais específica, em que o seu Marcelo Odebrecht colocou como condição que ele só doaria pra campanha eleitoral de 2014 se a questão da Fonte Nova fosse resolvida. A questão da Fonte Nova seria o pagamento de valores para o consórcio OAS Odebrecht”, explica a delegada, acrescentando que o aditivo foi definido em R$ 90 milhões em 2013 e que foi negociado um acordo de pagamento de mais de R$ 10 milhões em 2014, sendo que parte desse montante foi obtido em acordo da Companhia Ambiental e de Recursos Hídricos da Bahia (Cerb).
A investigação apontou que a OAS Odebrecht queria que o valor da obra fosse aumentado, mas para não levantar questionamentos por parte da sociedade civil, o então governador Jaques Wagner decidiu utilizar a dívida que o governo tinha com a Cerb para acertar a negociação (saiba mais sobre o caso). “Dentro desses R$ 360 milhões, que foi negociado de pagamento da dívida, uma boa parte seria pra doação de campanha de 2014 e naquele ano existiu a doação oficial pela Itaipava de R$ R$ 3,5 milhões”, detalha Luciana. Ainda de acordo com a delegada, o acordo foi teve minutado pelo secretário de Administração da época, Manoel Vitório, atual secretário da Fazenda (Sefaz). "Segundo os delatores, o acordo teria sido minutado pelo então secretario de Administração, que hoje é secretario de Finanças; ele teria minutado o acordo. Ainda não sei dizer se foi de forma consciente ou inconsciente, se ele sabia que era parte de uma negociação de pagamento, de doação de campanha, enfim", ressalvou.
Em 2014, o PT se dedicou à campanha para eleição do governador Rui Costa, sucessor de Wagner na Bahia.
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