A falta de tolerância entre os povos e raças é um assunto recorrente e que por mais que seja combatido vez ou outra ganha fôlego com episódios como o que aconteceu recentemente na Câmara dos Vereadores de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Na ocasião, o vereador Deoclécio Lira (PSB) disparou contra os baianos que residem na cidade, acusando-os de “mafiosos”, “safados” e alegando que eles estão ocupando vagas de trabalho que deveriam ser dos ipojucanos.
“O baiano pulou da plataforma e já é encarregado ou gerente. É uma máfia, o gerente vem da Bahia e traz o encarregado”, dispara Lira, durante uma das sessões da Casa ao dizer que vai denunciar Ministério Público do Trabalho para ver se as carteiras profissionais apresentadas pelos baianos são legais. Ipojuca é a cidade que concentra as atividades das empresas ligadas à Petrobras em Pernambuco.
Os ataques, entretanto, não se resumem a isso. No vídeo, é possível perceber que o parlamentar é interrompido por uma mulher que se manifesta contra os argumentos dele no Plenário, mas não dá para identificar o que ela diz. Depois que os ânimos da pessoa são acalmados, ele volta a discursar, agora com um tom mais duro e outros xingamentos.
"Você viu esta mulher, o baiano é deste jeito. Eu sou contra qualquer tipo de preconceito, não tenho preconceito com nada, nem com gay, lésbica, com nada. Nem sou contra os baianos, mas sou contra a safadeza dos baianos. O que tem de baiano safado neste município não está no gibi. Vieram parar aqui e o que tem deles vendendo e traficando drogas neste município não está no gibi. Estou falando com a convicção de quem conhece este município. Eles não têm respeito e são desbocados…”, dispara Deoclécio Lira.
Eleito em 2016, o vereador do PSB ainda diz que não precisa dos votos de baianos. “Se teve um baiano que votou em mim, eu agradeço, mas quero voto não de baiano não, podem ficar com eles”, disse.
Veja o vídeo:
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A postura tem gerado discussões entre um grupo de 120 pessoas que são da Bahia e residem na capital pernambucana e outros municípios da RMR. De acordo com o gerente de marketing Raoni Franco, eles estão estudando uma forma jurídica de pedir a punição do parlamentar. “Ficamos todos estarrecidos com este discurso de ódio, a maioria tem esposas e filhos, não sabemos como isso pode repercutir. Neste momento de intolerância isso é preocupante”, declarou ao LeiaJá, ao ponderar que advogados já estão estudando o regimento interno da Câmara de Ipojuca para tomar medidas cabíveis.
Fonte: Portal LeiaJá
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