A Ucrânia realizou cerimônias nesta terça-feira para lembrar o 30º aniversário do desastre nuclear de Chernobyl, que contaminou de forma permanente partes do leste da Europa e ressaltou as deficiências do sigiloso regime soviético.
Nas primeiras horas do dia 26 de abril de 1986, um teste malsucedido em uma usina nuclear na então soviética Ucrânia desencadeou um derretimento que lançou nuvens mortíferas de material atômico na atmosfera, obrigando dezenas de milhares de pessoas a abandonarem suas casas.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, participou de uma cerimônia na usina de Chernobyl, que se localiza no meio de uma 'zona de exclusão' desabitada do tamanho de Luxemburgo.
"A questão das consequências da catástrofe não está resolvida. Elas têm sido um fardo pesado sobre os ombros do povo ucraniano, e ainda estamos longe de superá-las", disse.
Mais de meio milhão de funcionários civis e militares foram recrutados em toda a antiga União Soviética, os chamados 'liquidadores', para o trabalho de contenção e limpeza das partículas radiativas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Trinta e um trabalhadores da usina e bombeiros morreram logo após o acidente, a maioria por contaminação radiativa aguda.
Ao longo das últimas três décadas, milhares de outras pessoas sucumbiram a doenças relacionadas à radiação, como câncer, embora o saldo total de mortes e os efeitos de longo prazo na saúde continuem sendo tema de um debate intenso.
Nikolay Chernyavskiy, de 65 anos, que trabalhava em Chernobyl e que mais tarde foi um dos 'liquidadores' voluntários, lembra de subir no telhado de seu prédio de apartamentos na cidade próxima de Prypyat para ter uma visão da usina depois da tragédia.
"Meu filho disse 'papai, papai, quero ver também'. Agora ele tem que usar óculos, e me sinto culpado por tê-lo deixado olhar", contou Chernyavskiy.
O aniversário está atraindo mais atenção do que o normal devido à conclusão iminente de um gigantesco arco revestido de aço que custou 1,5 bilhão de euros e que irá envolver o local do reator atingido e evitar novos vazamentos pelos próximos 100 anos.
O projeto foi financiado com doações de mais de 40 governos e do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento.
Mesmo com a nova estrutura, a zona circundante – 2.600 quilômetros quadrados de floresta e pântano na fronteira entre Ucrânia e Belarus – irá continuar inabitável e fechada para visitantes sem autorização.
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