Decidido a ficar fora dos palanques nas eleições de outubro para não comprometer a governabilidade, o presidente em exercício Michel Temer tem trabalhado nos bastidores e por meio de interlocutores para realizar um mapeamento das preferências e prioridades de cada partido em relação à disputa eleitoral. A ideia é tentar evitar que possíveis rivalidades municipais comprometam a base aliada no Congresso.
Após mapear as prioridades dos aliados, o Palácio do Planalto pretende escalar ministros e interlocutores com perfil mais político para fazer uma espécie de coordenação e dar prioridade às candidaturas de acordo com o interesse dos partidos. A meta do Planalto é eleger o maior número possível de prefeitos e vereadores de partidos aliados, reduzindo, assim, a área de atuação do PT e da oposição.
Apesar de ainda ser presidente licenciado do PMDB, aliados dizem que Temer tem adotado um discurso “acima do partido” e deve trabalhar pelas legendas da base. Na avaliação de pessoas próximas ao presidente em exercício, uma eventual vitória eleitoral sobre a oposição poderia ajudar o governo na medida em que deixaria o PT ainda mais fragilizado.
Em suas agendas recentes no Planalto, Temer tem dito que não subirá em palanque no primeiro turno. No segundo turno, no entanto, caso não tenha mais de um candidato da base na disputa, pode considerar a importância de sua participação para derrotar a oposição.
Estratégia
Nesta quarta-feira, 27, em jantar com a cúpula do DEM, o assunto foi levado à mesa pelo líder do partido na Câmara, Pauderney Avelino. Segundo relatou, Temer negou a possibilidade de interferência após ser questionado sobre qual comportamento, . “Ele disse que não vai se meter, foi bem direto na resposta. Ele sabe que vai ter dois ou três aliados na disputa e disse que não quer criar rachas na base.”
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), que esteve no jantar no Jaburu, disse que a prioridade de Temer neste momento é outra. “Ele não vai se meter, seria mexer na estabilidade da base. Ele não fará isso”, afirmou.
Outro deputado que esteve com Temer nesta semana observou que, apesar da intenção do presidente em exercício de construir consensos para evitar rachas, os acordos pré-eleitorais não costumam dar certo. Segundo esse parlamentar, as conversas no Congresso são deixadas para trás após a “guerra eleitoral” e sempre há fissuras para serem costuradas.
São Paulo
A eleição na capital paulista é o principal foco do Planalto e de Temer. Além de ser o maior colégio eleitoral, o presidente em exercício considera fundamental derrotar o prefeito Fernando Haddad, do PT, partido da presidente afastada Dilma Rousseff.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), foi um dos que estiveram com Temer no Planalto na quarta-feira. Após a conversa, que oficialmente teve como tema a reforma política, o tucano minimizou o anúncio da chapa do ex-tucano Andrea Matarazzo (PSD) como vice de Marta Suplicy (PMDB) e afirmou que os candidatos do PSDB são aqueles consagrados nas convenções do partido. “Em São Paulo, nosso candidato é o João Doria e a partir de agora os adversários do PSDB não estão dentro do partido”, disse Aécio.
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