Temer admite voo em jatinho da JBS, mas diz que ‘não sabia’

Published at : 17 Jan 2022

O governo admitiu nesta quarta-feira, 7, que o presidente Michel Temer viajou em um jatinho da JBS, em 2011, de São Paulo para Comandatuba, na Bahia, acompanhado de Marcela, sua mulher. Na ocasião, Temer era vice de Dilma. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto informou que Temer ‘não sabia a quem pertencia a aeronave’ e não pagou pelo serviço.




[caption id="attachment_57394" align="aligncenter" width="600"] 'Não sabia a quem pertencia a aeronave', diz nota de Temer (Foto: Wilton Junior / Estadão)[/caption]


A revelação sobre a viagem de Temer e Marcela no jatinho Learjet PR-JBS foi feita pelo site O Antagonista. Na noite desta terça, 6, o governo emitiu nota oficial em que afirmava que a viagem foi realizada em um avião da FAB.


Mas nesta quarta, o governo recuou e admitiu que o então vice-presidente usou ‘aeronave particular’ no dia 12 de janeiro para se deslocar de Congonhas em São Paulo a Comandatuba, ‘deslocando-se em seguida a Brasília, onde manteve agenda normal no gabinete’.


O voo de volta a São Paulo ocorreu dois dias depois. “A família retornou a São Paulo, usando o mesmo meio de transporte.”


Segundo a nota oficial, no retorno do passeio à Bahia, Temer deslocou-se ’em seguida a Brasília, onde manteve agenda normal no gabinete’.


O dono da JBS, Joesley Batista, entregou à Procuradoria-Geral da República um diário de voo de seu jatinho com informações sobre viagens do presidente Michel Temer.


O caso foi revelado pelo site O Antagonista e confirmado pelo Estado. De acordo com os documentos do Learjet PR-JBS entregues pelo acionista do grupo J&F, Temer teria viajado com a mulher, Marcela, em 2011 em pelo menos duas oportunidades – na época, o peemedebista era vice de Dilma Rousseff.


Uma das viagens do casal relatadas no diário foi entre Comandatuba, na Bahia, e São Paulo. A outra foi para Porto Alegre. No diário de bordo consta a anotação “Família sr. Michel Temer”.


A apuração, que servirá apenas como prova de corroboração sobre a relação de Temer com Joesley, será feita dentro do inquérito já instaurado contra o presidente.


O empresário entregou as informações sobre os voos para reforçar sua versão apresentada no acordo de colaboração premiada de que mantinha “estreita relação” com Temer.



Gravação


O empresário foi recebido por Temer na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu e gravou o encontro, no qual relatou a prática ilícitos ao presidente. Quando o teor do áudio veio a público, Temer disse que Joesley tentou três vez procurá-lo e que, após duas recusas, ficou “sem graça de não atendê-lo”. Afirmou ainda que não sabia que o delator era investigado e que foi “ingênuo”.



ALIADO DE TEMER CORRE COM MALA DE R$ 500 MIL

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Ainda segundo relato do dono da JBS, o ex-assessor de Temer e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) teria sido indicado como intermediário com quem Joesley deveria tratar sobre assuntos de seu interesse. Loures está preso na Superintendência da Polícia Federal de Brasília desde sábado passado. Ele foi filmado correndo com uma mala de R$ 500 mil entregue por executivos da JBS.


A nota divulgada pela Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto na noite desta terça, 6, dizia que ‘o então vice-presidente Michel Temer não foi a Comandatuba em janeiro de 2011’. “Ele foi no mês de abril para compromisso com o grupo Lide e utilizou aeronave da FAB para seu deslocamento. Michel Temer também usou avião da FAB para deslocamento a Porto Alegre, no mês de janeiro.”



COM A PALAVRA, O ADVOGADO DE TEMER

O criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, que representa o presidente Michel Temer, disse que ‘não vê nenhum problema’ no fato de o peemedebista ter viajado em um jatinho particular. Mariz adverte, porém, que a viagem não pode ser incluída no âmbito da Operação Patmos, que põe o presidente sob suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.


“Esse fato não deveria ser analisado à luz do inquérito instaurado pois ocorreu, se é que ocorreu, em período anterior à Presidência da República, razão pela qual, de acordo com o artigo 86, parágrafo quarto da Constituição, não pode ser alvo de investigação.”


Mariz é enfático. “No entanto, independente desse aspecto legal, não vejo nenhuma anormalidade no fato de o cidadão Michel Temer ter se deslocado em um avião que lhe foi emprestado.”


Na avaliação do advogado ‘trata-se de fato corriqueiro que pode dizer respeito a qualquer um de nós’.


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