O homem suspeito de matar o cobrador de um ônibus da empresa Costa Verde foi preso na noite da quinta-feira (4), escondido na casa de um amigo em Lauro de Freitas. De acordo com informações da 27ª Delegacia Territorial (Itinga), o rapaz, identificado como Anderson Nunes dos Santos, de 33 anos, estava escondido embaixo da cama de uma residência no condomínio Dona Lindú.
Anderson, mais conhecido como Buda, foi encontrado por volta das 22h de ontem. O dono do apartamento, identificado somente como Thiago, também foi preso pela polícia. "Chegamos a esta informação através da denúncia anônima", informou o investigador Marivaldo Espírito Santo, da 27ª Delegacia, em entrevista ao Corrreio24horas.
Thiago estava do lado de fora do edifício quando a polícia chegou. "Ele disse não saber sobre o suposto envolvimento de Anderson no assalto, só que ele tinha brigado com a mulher e que ia ficar com ele por alguns dias", relata o policial civil.
Ainda de acordo com o investigador, o suspeito estava sozinho no interior do apartamento, e foi encontrado escondido embaixo de uma cama. No local foram apreendidas duas facas. A polícia, no entanto, ainda não determinou se elas pertenciam a Anderson ou Thiago.
A dupla foi levada ainda na noite de ontem (4) para a sede do Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerc). Anderson será apresentado pela polícia na segunda-feira (8). De acordo com informações da Gerc, o suspeito confessou o crime e disse que atingiu o cobrador porque ele teria reagido ao assalto.
Thiago, dono do apartamento onde Anderson estava escondido, será ouvido pela polícia ainda hoje (5). A 81ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Itinga) também participou da ação que resultou na prisão do rapaz.
Entenda o caso
O crime aconteceu durante um assalto na noite da terça-feira (2), por volta das 23h, quando o coletivo que fazia a linha Vilas do Atlântico/Praça da Sé parou no ponto em frente ao Maxxi Atacado, na Estrada do Coco. Nesse ponto, um homem teria entrado no ônibus, segundo a polícia, com um azulejo afiado, e anunciado o assalto.
Djanilson, que fazia a penúltima viagem do dia, teria se assustado com o anúncio do assaltante e recebido um golpe no pescoço. Havia cerca de 15 passageiros dentro do coletivo no momento do crime, de acordo com informações da 52ª Companhia Independente de Polícia Miliar (CIPM/Lauro de Freitas). Segundo colegas do cobrador, o assaltante desceu do ônibus logo depois de ferir o cobrador, alguns metros depois do ponto onde ele teria entrado no transporte.
O homem teria roubado o dinheiro do caixa, o crachá e a carteira de Djanilson. O cobrador chegou a ser socorrido pelo motorista do ônibus para o Hospital Menandro de Faria, mas já chegou na unidade de saúde sem vida. O motorista, que não teve o nome revelado, não teria sido ferido durante a ação.
Ao saber do falecimento do colega, cerca de 100 rodoviários realizaram uma vigília no hospital, que durou toda a madrugada. Na quarta-feira (3), os rodoviários saíram em passeata da Estrada do Coco até o Centro Administrativo da Bahia (CAB).
Eles também foram até as garagens das empresas ODM, 2 de Julho, BTU e Costa Verde, localizadas em Lauro de Freitas, para impedir a saída dos ônibus e convocar os rodoviários para a mobilização. Segundo o Sindmetro, profissionais da Expresso Linha Verde, VCA e Atlântico Transportes também se juntaram ao protesto.
A grande caminhada, de cerca de 400 rodoviários, teve como objetivo protestar contra a morte do cobrador. O trânsito na Avenida Paralela ficou congestionado durante toda a manhã do protesto, já que, no sentido Centro, os rodoviários só permitiram o trânsito em uma das faixas.
A categoria se queixou de que os ônibus da empresa Costa Verde - mesma empresa para a qual o cobrador Djanilson Miranda dos Reis trabalhava - circula sem câmeras.
Perigo
O ponto onde Djanilson foi morto é conhecido pelos rodoviários como sendo um dos principais alvos dos ladrões que atuam na região. “Eu já paro com medo no Maxxi porque é um ponto em que sempre acontecem assaltos, é direto isso”, afirmou um motorista, que pediu para não ser identificado.
Segundo outro rodoviário, a falta de policiamento seria a principal causa do alto número de assaltos ocorridos próximo ao supermercado. “O Maxxi é um dos pontos mais críticos, toda hora tem assalto porque não tem policiamento ali”, afirmou o cobrador Gilberto Santos.
“O Maxxi é o ponto mais crítico de Lauro de Freitas e à noite é ainda pior. Ali é muito deserto, não tem policiamento. Quando chega 19h já fica perigoso”, afirmou o cobrador Ivan Santos.
Segundo o major Marcelo Grun, comandante da 52ª CIPM, a companhia trabalha diariamente no local. “Sempre fazemos patrulhamento pelo local, abordagem de pessoas e de veículos, sejam eles coletivos ou de uso particular. Os chamados para assalto nessa região não são muitos”, afirmou.
Medo
Os constantes assaltos têm assustado os rodoviários. Há quem pense até em deixar a profissão. "Trabalho assustado. Pedi transferência para o turno da manhã por conta da violência. Eles (assaltantes) acham que a gente está escondendo (dinheiro). Eles dizem: ‘Se tiver no cofre, morre’. Penso em sair do trabalho”, afirmou o cobrador Ivan Santos, 34 anos.
Para o motorista Paulo Santos, o crime não tem hora certa. “Vivemos um constante terror psicológico. O índice de assaltos é o mesmo, seja dia ou seja noite. Eles (assaltantes) não têm mais hora para agir”, desabafa.
Djanilson tinha duas filhas, uma de 4 anos e uma recém-nascida. O corpo do cobrador foi sepultado na quarta-feira (3), às 17h, em Irará, no Centro-Norte do estado.
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