STF mantém julgamento sobre Lula em plenário

Published at : 14 Feb 2022

Por 9 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve nesta quarta-feira (14) o julgamento sobre a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no plenário da corte, composto pelos 11 integrantes do tribunal.

Nove ministros votaram para rejeitar o pedido da defesa do petista para que o tema fosse analisado pela Segunda Turma, que é integrada por cinco magistrados e tem perfil contrário à Lava Jato. Com isso, o mérito da decisão do ministro Edson Fachin de invalidar os processos contra Lula que tiveram origem na 13ª Vara Federal de Curitiba deve ser discutido pelo plenário a partir desta quinta-feira (15).

Caso o entendimento de Fachin seja mantido, Lula retomará seus direitos políticos e estará apto a disputar as eleições de 2022. Os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, Rosa Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Luiz Fux votaram para manter o tema no plenário. Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio divergiram.

Fachin foi o primeiro a defender que não cabe recurso contra sua decisão de levar o processo ao conjunto da corte. "A afetação [remessa] de feitos ao plenário é atribuição discricionária do relator", afirmou, mencionando precedentes e o regimento interno da corte.

Ricardo Lewandowski divergiu, mas ficou vencido. Ele questionou por que as turmas julgam inúmeros recursos contra decisões em habeas corpus e só esse caso foi afetado ao pleno.

"Por que justamente no caso do ex-presidente? Será que o processo tem nome e não capa. A última vez em que se fez, isso custou ao ex-presidente 580 dias de prisão, e causou a impossibilidade de se candidatar a presidente a República".

O magistrado criticou, ainda, a remessa ao plenário do habeas corpus julgado em 2018 que levou Lula à prisão. Lewandowski afirmou que aquele julgamento também deveria ter sido feito pela turma e que considera estranha a ida dos casos relativos ao petista ao conjunto da corte.

Para o ministro, se o STF tivesse naquela oportunidade impedido a detenção de Lula e firmado o entendimento de que não é permitida a prisão após decisão em segunda instância, o resultado das eleições de 2018 teriam sido diferentes.

Rosa Weber aproveitou o assunto para afirmar que foi "massacrada" por seu voto naquele julgamento. Na época, a ministra disse que era contrária à execução provisória de pena, mas alegou que a jurisprudência da corte era naquele sentido e que não poderia votar de maneira diferente em um processo com um réu específico.

Um ano e meio depois, na análise das ações constitucionais que tratavam do tema de maneira genérica, ela deu o sexto voto decisivo contra a prisão em segunda instância.

Marco Aurélio também defendeu que a responsabilidade sobre este julgamento deveria ser da Segunda Turma.

Presidente da corte, Luiz Fux respondeu aos colega e falou da importância do julgamento. "Ministro Marco Aurélio, eu entendi a preocupação de vossa excelência ao assentar que a afetação reclame uma relevância da decisão. Esse vício [a matéria em análise] pode ter um efeito expansivo e atingir um grande trabalho feito pelo STF no combate à corrupção. E, talvez, por isso, o relator tenha esse cuidado", disse.

O ministro Alexandre de Moraes reforçou os argumentos em favor da manutenção da análise do tema pelos 11 integrantes da corte. "Não consigo entender a afirmação de que o julgamento pelo plenário do Supremo significa desrespeito ao juízo natural", afirmou. "Não encontro na Constituição Federal a expressão turmas do STF. O plenário do Supremo delega às turmas as decisões", completou.

Ao seguir Fachin em seu voto, para além do caso em julgamento, a ministra Carmén Lúcia destacou que "o plenário é o Supremo inteiro, mas não é revisor de turma. Compete ao relator estabelecer a qual órgão, turma ou plenário, destina o caso", disse. Para a ministra, o caso Lula tem questões já debatidas e que não cabe novo julgamento no pleno.

Gilmar, apesar de ter criticado a decisão de Fachin de remeter o caso do plenário, votou pelo prosseguimento do julgamento em vez da remessa do caso de volta à Segunda Turma. Ele classificou as idas e vindas dos julgamentos de Lula da Segunda Turma ao plenário e vice-versa como "macabra" e "trôpega".

Nesta quinta, os ministros retomarão o julgamento do tema. Antes de analisar a anulação das condenações, a corte deve discutir o ponto da decisão de Fachin que determinou a perda de objeto do habeas corpus em que a defesa de Lula pedia a declaração de parcialidade do ex-juiz Sergio Moro na condução do processo do tríplex do Guarujá.

Na Segunda Turma, Fachin ficou vencido e, por 4 a 1, o colegiado decidiu julgar o tema da mesma maneira. Em relação ao mérito, por 3 a 2, a turma decidiu pela suspeição de Moro.

Agora, os ministros devem decidir se a anulação dos processos por Fachin prejudica o debate da parcialirdade do ex-magistrado ou se a Segunda Turma poderia ter tomado aquela decisão.

A decisão do plenário é soberana, mas é raro o STF invalidar julgamento das turmas. Depois disso, os ministros entrarão no mérito da decisão de Fachin de declarar que a 13ª Vara Federal de Curitiba não deveria ser a responsável pelos processos de Lula e que os casos devem ser retomados da fase da análise da denúncia pela Justiça Federal do DF.

O magistrado defende que as ações contra o petista vão além dos esquemas de corrupção vinculados à Petrobras e que apenas as investigações diretamente relacioandas à estatal petrolífera deveriam ficar em Curitiva. Por isso, remeteu o caso à Justiça do DF, onde os crimes teriam sido cometidos, segundo a acusação do Ministério Público Federal.

Independentemente da manutenção ou não da decisão de Fachin que anulou as condenações do ex-presidente, avaliam ministros do Supremo em conversas reservadas, a participação do ex-presidente nas eleições de 2022 dificilmente será evitada.

A análise tem como base o julgamento da Segunda Turma da corte que declarou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro e anulou a ação em que o ex-presidente foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

Na visão de integrantes do tribunal, o debate do processo sobre o apartamento no litoral paulista indicou que a tendência é o Supremo dar a mesma solução à ação penal relativa ao sítio de Atibaia (SP), o outro processo em que o petista foi condenado e leva à sua inelegibilidade.

A aposta que está sendo feita internamente foi reforçada pelo voto de Cármen Lúcia. Chamou a atenção de colegas não apenas a mudança de posição sobre o tema -em 2018, ela havia votado a favor do ex-juiz da Lava Jato-, mas também o conteúdo do seu discurso.

Nele, a magistrada abordou bastante a questão do tratamento que Moro deu a Lula e falou menos da situação específica do processo do tríplex. Cármen fez questão de afirmar que seu voto não discutia a condução de Moro em todas as investigações da Lava Jato, mas na atuação dele em relação a Lula.

Ela disse que tratou apenas de "um paciente julgado e que demonstra que, em relação a ele, houve comportamentos inadequados e que suscitam portanto a parcialidade".

Por Folhapress

Política


Deputado Pedro Tavares e prefeito de Ourolândia se reúnem com comandante-geral da PM

Deputado Pedro Tavares e prefeito de Ourolândia se reúnem com comandante-geral da PM

Filha do presidente da Câmara de Campo Formoso denuncia agressão física do pai

Filha do presidente da Câmara de Campo Formoso denuncia agressão física do pai

Mais um ônibus de empresa de turismo é apreendido em Jacobina

Mais um ônibus de empresa de turismo é apreendido em Jacobina

Motociclista morre após ser atingido por carreta que tombou na BA-290

Motociclista morre após ser atingido por carreta que tombou na BA-290

Rodovia que liga Morro do Chapéu a Jacobina receberá obras de
pavimentação

Rodovia que liga Morro do Chapéu a Jacobina receberá obras de pavimentação

Governo da Bahia convoca 2.211 aprovados nos concursos da PM e Bombeiros

Governo da Bahia convoca 2.211 aprovados nos concursos da PM e Bombeiros

Incêndio atinge área de vegetação em Rio de Contas, na Chapada Diamantina

Incêndio atinge área de vegetação em Rio de Contas, na Chapada Diamantina

Após invasão, Câmara vai restringir entrada de pessoas no prédio

Após invasão, Câmara vai restringir entrada de pessoas no prédio

Lula vai a Cuba para participar de documentário sobre a América Latina

Lula vai a Cuba para participar de documentário sobre a América Latina

Lindona da Bahêa - Esquadrão entra na luta contra o racismo com nova
mascote

Lindona da Bahêa - Esquadrão entra na luta contra o racismo com nova mascote