Em seu discurso na Câmara de Vereadores de Jacobina nesta quarta-feira (25), o vereador Rone do Junco (PT) relembrou a tragédia ocorrida no município de Mariana (MG), e fez uma observação que chamou a atenção dos presentes na Casa Legislativa.
Falando sobre a atividade de Mineração em Jacobina, Rone fez a seguinte observação: "depois que as barragens da Samarco em Mariana estouraram, o pessoal da Yamana fez uma reunião pra dizer que tá tudo bem, que a barragem aqui é diferente, ótimo! Mas eu lhes pergunto senhores: tem 40 anos que estas empresas exploram nossos mananciais auríferos, no entanto alguém consegue me apontar na cidade um investimento sequer de alguma delas em favor da sociedade?", questionou o edil.
"Nós estamos sendo explorados por 40 anos senhoras e senhores, não são 40 dias ou 40 meses, é muita coisa, e qual a contrapartida que foi dada ao município até hoje? Me aponte uma, pelo amor de Deus. Aliás, até agora o grande legado deixado pelas mineradoras para nossas famílias pode se vê a olhos nus, ou seja, pais sem filhos e mulheres sem maridos. Lamentavelmente, vemos todo fim de ano eles fazerem uma doação de míseros R$ 100 mil para entidades locais só pra enganar os bobos e mais nada, e isso é muito pouco. Nós temos gente vindo trabalhar aqui de São Paulo, de Minas, do Rio de Janeiro, até do exterior, mas e o nosso povo, o que recebe em troca? A mineração está devendo a Jacobina, o passivo ambiental é muito grande e nós temos que nos posicionar sobre essa empresa. Nossas fontes acabaram, nosso rio morreu, o desmatamento das matas ciliares é gigantesco, e o que eles tem nos dado como retorno", explicou Rone.
O vereador salientou que não é contra a empresa, mas que a Yamana ainda não algo de concreto para benefício geral da população. "Não sou contra a empresa que está aqui hoje, quero deixar claro, mas temos que nos organizar para cobrarmos dela uma forma de compensação pelo passivo ambiental, isso não pode continuar como está. Nós temos, por exemplo, um hospital aqui que funciona de forma precária, temos outro que está fechado, temos projetos importantes para a cidade que a Mineradora poderia contribuir de forma direta, impulsionando o crescimento do município e a melhoria da qualidade de vida da população. Seria o mínimo que eles poderiam nos dar de retorno pelos quarenta anos de exploração dos nossos recursos naturais", disse.
"Eu era menino quando a primeira empresa chegou aqui, e não vejo nenhuma ação destas corporações que aqui passaram, inclusive a Yamana, que agrade ou beneficie a sociedade, e isso tem que mudar . Não tenho nada contra a empresa, repito, mas temos que nos posicionar, isso tem que ser revisto", finalizou o vereador, que foi muito aplaudido pelos edis e pelo plenário.
Fonte: Bahia Acontece
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