Seis criminosos são mortos pela PM em operação nos bairros Valéria e Fazenda Coutos, em Salvador

Published at : 18 Jan 2022

A polícia matou seis criminosos e prendeu 13 durante uma operação nos bairros de Valéria e Fazenda Coutos, na manhã desta sexta-feira (7). Cerca de 300 policiais civis e militares participaram da ação, que começou por volta das 3h para o cumprimento de nove mandados de prisão e dez de busca e apreensão. Seis armas foram apreendidas, além de drogas diversas e balanças de precisão. A ocupação dos dois bairros ainda não tem data para encerramento.




[caption id="attachment_22076" align="aligncenter" width="620"]Seis criminosos são mortos pela PM em operação nos bairros Valéria e Fazenda Coutos, em Salvador PM ocupa Valéria e Fazenda Coutos durante operação; nove são detidos (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO)[/caption]


Entre os mortos estão Jorge Lucas Santos da Cruz, o Lucas, de 23 anos e Lucinei Cardoso Barbosa, o Pinha ou Gago, 34, acusados de participação na chacina de Valéria, no dia 26 de julho que resultou na morte de quatro pessoas, incluindo um policial militar e o filho dele. Lucas e Pinha estavam com mandado de prisão em aberto.


De acordo com a assessoria da Polícia Civil, todos os seis homens que morreram durante a operação desta sexta-feira têm envolvimento com o tráfico de drogas. Três vítimas foram identificadas como Marcos Santos de Jesus, 24, José Márcio Cardoso de Jesus, 19, e Hugo Leonardo Farias dos Santos - a idade dele não foi divulgada. O sexto homem morto ainda não foi identificado.


Segundo a assessoria, todos os baleados foram socorridos para o Hospital do Subúrbio. O objetivo da operação é prender traficantes envolvidos com homicídios nos dois bairros. A assessoria do Departamento de Polícia Técnica (DPT) informou que apenas dois dos corpos deram entrada no Instituto Médico Legal (IML) até às 18h desta sexta-feira. Os nomes não foram divulgados.


A área será ocupada nos próximos dias pela PM, informou José Alves de Bezerra, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “A ocupação será mantida hoje e durante todo o fim de semana. Iniciou sem prazo para ser concluída”, afirmou o diretor.


O motivo da operação seria as últimas mortes ocorridas na região - entre elas a chacina que envolveu as mortes do sargento Osvaldo Costa Filho, 49 anos, e do filho dele, Railander da Silva Conceição, 24 anos, além dos episódios das morte do comerciante Edgar da Lima Filho e a morte de dois adolescente de 17 e 13 anos, no dia 23 de julho.


Entre as 13 pessoas detidas para averiguação estão duas mulheres e um adolescente de 16 anos, que foi apreendido em casa, enquanto dormia. A mãe do jovem entrou em desespero e precisou ser amparada pelos amigos.


Seis morreram em confrontos na operação


Além das 13 pessoas presas, seis homens foram mortos em confronto com a polícia durante a operação. De acordo com o posto de Polícia Civil do Hospital do Subúrbio, os suspeitos trocaram tiros com a polícia. A assessoria da Polícia Civil informou que as mortes foram registradas como autos de resistência.




[caption id="attachment_22077" align="aligncenter" width="620"]Seis criminosos são mortos pela PM em operação nos bairros Valéria e Fazenda Coutos, em Salvador Entre as nove pessoas detidas para averiguação até às 10h de hoje estão duas mulheres e um adolescente de 16 anos (Foto: Amanda Palma)[/caption]


Os dois primeiros suspeitos foram mortos em um confronto na localidade do Iraque, por volta das 6h. De acordo com a polícia, a dupla reagiu ao ser presa, e trocou tiros com policiais da Rondas Especiais (Rondesp/BTS). A dupla é suspeita de expulsar moradores da região da Lagoa da Paixão para transformar o local em um ponto de tráfico.


Já os outros quatro suspeitos foram mortos em um outro confronto, ainda na localidade do Iraque, algumas horas após o primeiro. O grupo estava atrás da fábrica da Tidelli quando reagiu à voz de prisão dada pela Polícia Militar.


Eles tentaram fugir por um matagal e foram perseguidos por policiais do Bope, da Polícia Civil e por um helicóptero da Graer, que monitorou a tentativa de fuga. Ainda na versão da polícia, houve confronto, os suspeitos foram baleados e socorridos para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiram aos ferimentos e morreram.


Com o grupo foram apreendidos uma quantia de R$ 1.000, uma pistola de calibre 40, dois revólveres de calibre 38, um revólver calibre 32 e uma quantidade de crack que ainda não foi divulgada pela polícia, assim como aparelhos de som roubados de veículos. Lucas está entre os suspeitos mortos durante o segundo confronto, assim como Rato e Pinha.


Bairros permanecerão ocupados durante o final de semana; coletiva vai divulgar resultado


Muitos tiros foram ouvidos na área desde o início da operação, ainda de madrugada. Os bairros de Fazenda Coutos e Valéria permanecerão ocupados durante o fim de semana, e os suspeitos detidos serão conduzidos à sede do DHPP.


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"A polícia vai permanecer na área durante estes próximos dias para realizar a manutenção da ordem, e não há previsão de quando vai sair", revelou o major Pereira. No local estão equipes da Rondesp, Bope, 19ª CIPM, 31ª CIPM (Valéria).


Estatuto da Katiara, clima de insegurança e toque de recolher: bairro vive em temor


Os moradores dos bairros estão com medo, e preferiram não falar com a imprensa. O clima de insegurança no bairro é grande desde que uma chacina na Nova Brasília de Valéria, no dia 26 de julho, matou um sargento da PM, o filho dele e mais duas pessoas.


Seis criminosos são mortos pela PM em operação nos bairros Valéria e Fazenda Coutos, em Salvador


Esta semana, boatos de um toque de recolher fizeram com que os ônibus fossem recolhidos e deixassem de circular em Nova Brasília de Valéria, só retornando no dia seguinte. A morte de duas pessoas pela Polícia Militar no dia 3 de agosto - segundo informações da Central de Polícia, se tratam de suspeitos de tráfico de drogas que receberam viaturas da Rondesp a tiros - deu origem a boatos de retaliação.


O local seria regido por uma facção que obedece ao Estatuto da Katiara. O texto estabelece diversas diretrizes que devem ser seguidas pelos membros da facção - desde critérios para novos membros  até regras para empréstimos, luto, caixinha mensal e até ajuda às famílias.


A Katiara, que controla o tráfico em diversos municípios do Recôncavo, é liderada por Adílson Souza Lima, o Roceirinho, que está preso desde 2012, mas, segundo a polícia, controlava, de dentro do presídio de Serrinha, no Centro-Norte do estado, o tráfico em Maragojipe, Salinas da Margarida, Itaparica, Nazaré das Farinhas, Vera Cruz, Santo Antônio de Jesus e Santo Amaro, no Recôncavo.


Desde maio, o traficante se encontra no presídio federal de Campo Grande (MS). Em Salvador, Roceirinho domina parte do bairro de Valéria, Águas Claras e Lobato.




[caption id="attachment_22080" align="aligncenter" width="620"]Seis criminosos são mortos pela PM em operação nos bairros Valéria e Fazenda Coutos, em Salvador Roceirinho seria um dos três fundadores da facção: está preso no Mato Grosso do Sul (Foto: Polícia Civil)[/caption]


O texto de introdução do Estatuto da Katiara diz que o documento foi idealizado por três integrantes, chamados de “irmãos 33, 01, 35” e que o já criado Primeiro Comando do Recôncavo passava a se chamar Katiara a partir de 16 de outubro de 2013, em “prol de trazer uma nova imagem com transparência e verdade para fortalecer o crime no estado da Bahia”.




[caption id="attachment_22079" align="aligncenter" width="620"]Seis criminosos são mortos pela PM em operação nos bairros Valéria e Fazenda Coutos, em Salvador Para marcar território, traficantes picham paredes com nome de facção (Foto: Evandro Veiga / Arquivo CORREIO)[/caption]


A todo momento, o grupo de criminosos se intitula uma facção e segue os moldes de outras organizações criminosas do país, com quem mantém laços estreitos: a A.D.A (Amigos dos Amigos), a maior do Rio de Janeiro, e o PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo.


Em dezembro, depois da morte do traficante conhecido como Mamano, o número 3 da Katiara, o bairro viveu uma onda de protestos, com três ônibus incendiados. Na época, moradores de Nova Brasília também ficaram sem coletivo.


Seis criminosos são mortos pela PM em operação nos bairros Valéria e Fazenda Coutos, em Salvador


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