A empregada doméstica Mirtes Renata, que permaneceu cumprindo seus serviços na residência do prefeito de Tamandaré (PE), apesar da recomendação de isolamento social por conta da pandemia, fez um desabafo nesta quinta-feira (4), um dia após ter perdido o filho de cinco anos, que caiu do 9º andar de um prédio de luxo, no centro de Recife, onde vivem seus patrões. “Se fosse eu, meu rosto estaria estampado, como já vi vários casos na televisão. Meu nome estaria estampado e meu rosto estaria em todas as mídias. Mas o dela não pode estar na mídia, não pode ser divulgado".
Mirtes deixou Miguel Otávio Santana sob os cuidados da patroa e primeira dama da cidade, Sari Gaspar Côrte Real, enquanto desceu para realizar a tarefa diária de passear com os cachorros da família para a qual trabalha. A fala da trabalhadora veio a tona após a patroa ter pago uma fiança de R$ 20 mil, ser liberada após o flagrante e ter tido o nome preservado. Indiciada por homicídio culposo, Sari responderá pela morte da criança em liberdade.
De acordo com o delegado Ramon Teixeira, responsável pelo caso, câmeras do circuito interno de segurança do condomínio mostraram o momento em que a mulher permitiu que Miguel entrasse sozinho no elevador. Nas imagens, era possível ver que ela fala com o menino, mas o deixa lá.
O apartamento dos patrões ficava no 5º andar. Segundo a investigação, Miguel ficou no elevador sozinho e subiu até o 9º andar. Lá ele escalou uma grade na área dos aparelhos de ar-condicionado, que fica na ala comum do andar, fora do apartamento, e caiu.
"Ela confiava os filhos dela a mim e a minha mãe. No momento em que confiei meu filho a ela, infelizmente ela não teve paciência para cuidar, para tirar [do elevador]. Eu sei, eu não nego para ninguém: meu filho era uma criança um pouco teimosa, queria ser dono de si e tudo mais. Mas assim, é criança. Era criança", disse a mãe da criança em entrevista a afiliada da TV Globo em Recife.
De acordo com o G1, ao longo de toda a pandemia, Mirtes e a mãe continuaram trabalhando para o casal. A família dos patrões optou por se isolar em Tamandaré, no Litoral Sul. "Ela disse que a gente não era obrigado a ir. A gente foi porque precisa trabalhar, precisa ganhar nosso salário para pagar as contas e também em questão que 'mainha' é grupo de risco", explicou.
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