O assaltante que atirou e matou o cabo da Polícia Militar Arisvaldo das Neves Santana, de 47 anos, na passarela em frente à Unijorge, na noite desta segunda-feira (22), fingiu ter sido vítima de um assalto, voltou para o bairro onde mora e pediu socorro a um vizinho.
Antônio de Jesus Oliveira, 38 anos, levou um tiro no lado esquerdo do peito quando tentou roubar o PM, a esposa dele e o sobrinho.
Antônio estava com o comparsa Tawan da Silva Barbosa Tosta, 19 anos, quando abordou as vítimas na passarela. Segundo o delegado Odair Carneiro, da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), foi Antônio quem estava na passarela aguardando a primeira vítima que passasse para assaltar.
Tawan ficou no carro de Antônio, próximo ao local do crime, aguardando o comparsa ajudar na fuga. "Eles estavam lá para assaltar qualquer pessoa, o policial estava presente, fez um movimento brusco, o homem atirou, ele revidou e o policial morreu", disse.
Quando as vítimas passaram, Antônio anunciou o assalto, mas o PM reagiu. Arisvaldo sacou a arma, mas foi baleado na região do tórax e embaixo da axila. Ele conseguiu atirar no assaltante, mas o suspeito conseguiu pular da passarela, entrar no carro e fugir.
"A informação que temos de testemunhas é de que houve o anúncio do assalto e, nesse momento, num ato de reação ou mesmo de surpresa, o policial esboçou um movimento e aí houve o disparo", disse o major Agnaldo Ceita, comandante da Rondesp Central.
Segundo o major César Castro, da 82ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/CAB), Arivaldo não resistiu aos ferimentos e morreu ainda na passarela. Um estudante da faculdade também foi atingido na perna quando passava pelo local do crime e foi socorrido para o Hospital São Rafael. O estado de saúde dele não foi divulgado. A esposa do policial não foi atingida pelos disparos.
Socorro
Após o crime, Antônio e Tawan voltaram para a rua Sete de Setembro, no bairro de Mata Escura, onde moram e pediram socorro a um vizinho. "Eles chegaram lá dizendo que tinham sido vítimas de um assalto. Contaram que o combustível do carro estava acabando e o vizinho levou Antônio para o Hospital Roberto Santos", contou o delegado.
No hospital, o assaltante assumiu a autoria do crime aos policiais da 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (Tancredo Neves) e do Policiamento Tático (Rondesp Central). "Quando começaram a fazer o interrogatório, o Tonho [Antônio] confessou ter participado do crime", disse Odair Carneiro.
Ele também revelou a participação de Tawan e onde ele estava. O jovem foi preso na casa dele ainda com o carro usado durante o crime. Antônio segue custodiado no hospital. "Em operação conjunta, conseguimos prender o Tawan, que foi conduzido para a sede do DHPP. Eles sempre eles iam de carro, paravam próximo à passarela, e um dos indivíduos iam em direção a populares", explicou.
O sepultamento de Arisvaldo será às 16h, no cemitério Bosque da Paz. Ele era lotado no Departamento de Modernização e Tecnologia (DMT) e estava na corporação havia cerca de 20 anos. O PM estudava administração na Unijorge e deixou a esposa e duas filhas, um de três e outra de nove anos.
Segundo a irmã da vítima, que não quis se identificar, ele tinha atravessado a passarela com a esposa e o sobrinho, que para pegar um ônibus intermunicipal e seguir até Arembepe, onde morava. "Ele era muito responsável e cuidava da mãe que é deficiente física. Era ele quem levava ela para os médicos e resolvia tudo", contou.
O delegado informou que os suspeitos não têm passagem pela polícia. "O Antonio saiu há 90 dias da Insinuante e Tawan, há 60 dias deixou o emprego de recepcionista", disse o delegado, que informou que somente o inquérito poderá dizer se o crime pode ter sido motivado pelo desemprego de ambos.
Assaltos
Ainda de acordo com ele, os assaltos são constantes na região, principalmente na saída dos estudantes das faculdades localizadas na avenida. Ainda segundo ele, não há registros de que a dupla praticava assaltos na região.
De acordo com o major Agnaldo Ceita, a PM faz policiamento ostensivo nas passarelas. "Temos policiamento ostensivo na região das passarelas da Unijorge, da FTC, e outras faculdade ali situadas. Não conseguimos cobrir todas, principalmente, porque a ação é sempre nas saídas dos estudantes e aproveitam para realizar esse tipo de delito", informou. Ele não soube dizer se havia policiamento em alguma passarela da avenida no momento do crime.
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