O ex-prefeito Fernando Haddad (PT-SP) está em viagem pela Europa com o ex-governador Tarso Genro (PT-RS) em uma frente internacional de solidariedade e mobilização contra a extrema direita. Nesta terça-feira (22), os petistas foram recebidos na Casa do Alentejo, em Lisboa, Portugal, por membros da esquerda portuguesa e brasileira.
Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul, e ex-ministro da Educação, das Relações Institucionais e da Justiça, foi quem iniciou o discurso. Ele começou falando sobre a fortificação das relações internacionais da esquerda brasileira e também criticou o discurso do presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial em Davos.
'Nós achamos por bem preparar uma viagem e nos articular com dois países que são fundamentais para o desenvolvimento do nosso partido, Portugal e Espanha. Chegamos na Espanha, uma visão ampla de articulação política e lideranças extraordinárias, importantes de centro, centro-esquerda, de esquerda, e aqui também em Portugal. Nós da esquerda brasileira temos um ciúme terrível da direita portuguesa(...)' brincou Genro.
'Nós estamos aqui para dar este depoimento, este informe para todos vocês, para que a gente retome o ânimo e o carisma, particularmente em Portugal e Espanha articulando com o Brasil uma rede de resistência, de formação, de combate idológico, de princípios para nos contrapormos ao fascismo e a degradação completa dos direitos sociais e direitos fundamentais que estão sendo tiradas por este presidente que não conseguiu fazer um discurso agora em Davos, balbuciou coisas incompreesíveis. Que nós sejamos compreensíveis, profundos, e ativos.' finalizou.
Muito aplaudido pelas mais de 100 pessoas que estavam no evento, Fernando Haddad também iniciou o discurso de aproximadamente 30 minutos ironizando Bolsonaro em Davos. 'Eu vou falar um pouco mais de seis minutos se vocês permitirem, que é o padrão estabelecido pela presidência da República atual' brincou.
O ex-prefeito de São Paulo agradeceu a recepção do público presente no evento e demonstrou que está disposto a concorrer a próxima eleição presidencial em 2022. 'A gente teve a nítida sensação entrando aqui de que nós ganhamos a eleição, e é assim que tem que ser para ganhar a próxima, não é? Não podemos sair de cabeça baixa de uma eleição, sempre de forma altiva, sempre encarando os desafios que tem pela frente, que não são pequenos.' afirmou.
Ao falar sobre o resultado das eleições presidenciais Haddad voltou a brincar com o cenário político no Brasil. 'Não houve alternância de poder propriamente dita no Brasil, se nós tivéssemos tido uma mera alternância de poder nós não estaríamos tão apreensivos. Eu dizia outro dia para um amigo da faculdade que se eu imaginasse o resultado final da eleição do Bolsonaro eu teria proposto um sorteio, que nós teríamos 1/12 avos de chance de dar um resultado tão ruim quanto deu, teríamos 11/12 avos de chance de dar qualquer coisa melhor, o Daciolo...e por aí vai. Glória a Deus! (risos)'.
'Houve (no Brasil) quase uma mudança de regime, se nós tomarmos a crise como um todo de 2013 pra cá é quase uma mudança de regime. O impeachment da Dilma é quase uma mudança de regime, a prisão do Lula da maneira como foi feita. Porque nós estamos falando aqui de um processo construído para que ele não participasse das eleições, quando você conversa com juristas e explica o conteúdo daquele processo as pessoas custam a acreditar que possa ter acontecido o que aconteceu, a ONU desautorizada com a recomendação de que Lula participasse das eleições.'
'Foi uma campanha completamente atípica, não só pelo atentado, ou não que aconteceu, mas que foi tido como real, mas também pelos episódios que atecederam o primeiro turno, com aquela disseminação de calúnias contra mim e contra a Manuella que afetaram fortemente o humor sobretudo do segmento evangélico brasileiro'. lamentou Haddad.
Fernando Haddad também usou parte do seu discurso para criticar a atuação da imprensa, que segundo sua avaliação não faz uma oposição adequada ao governo de Bolsonaro. 'A imprensa trata com naturalidade por exemplo, um ministro da educação dizer que o Enem é do presidente da República e que ele sim pode censurar a prova apurada por educadores. Ou seja, ele pode eventualmente pegar uma questão e dizer 'olha, esta questão tem que ser substituída'. Olha, com todo o respeito, quem é o Bolsonaro pra julgar um educador, um sujeito que não consegue elaborar uma frase com dez palavras' afirmou ele sendo em seguida ovacionado pelo público presente.
Ao final de sua fala Haddad fez uma autocrítica ao Partido dos Trabalhadores, citando a falta de diálogo com coletivos e movimentos sociais de esquerda no Brasil. Ele também falou que é o papel da esquerda oferecer uma alternativa ao cenário político que foi instaurado no Brasil após as eleições de 2018. 'O mundo exige imaginação, e quem tem imaginação é a esquerda, que a direita não consegue imaginar nada, o mundo já é como a direita quer, nós é que temos que imaginar e oferecer alternativas ao que está posto.' finalizou Fernando Haddad.
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