Promotor que denunciou presidente da Argentina é encontrado morto em Buenos Aires

Published at : 21 Jan 2022

[dropcap]O[/dropcap] promotor federal argentino Alberto Nisman, de 51 anos, foi encontrado morto em seu apartamento em Puerto Madero, bairro de alto padrão na capital argentina, na madrugada desta segunda-feira (19). Ele era o responsável pela investigação do atentado contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994, quando uma explosão deixou 85 mortos e provocou danos estruturais em outros 9 edifícios no bairro Once.


Promotor que denunciou presidente da Argentina é encontrado morto em Buenos Aires


Ele disse na semana passada que a presidente argentina, Cristina Kirchner, havia aberto um canal de comunicação secreto com o grupo de iranianos suspeito de ter plantado a bomba.


Promotor que denunciou presidente da Argentina é encontrado morto em Buenos AiresSegundo o promotor, o esquema tinha como objetivo inocentar os suspeitos para que a Argentina pudesse começar a negociar grãos em troca de petróleo do Irã. Ele apresentaria detalhes da denúncia ao Congresso nesta segunda.


De acordo com o jornal argentino "Clarín", as primeiras informações indicavam que o corpo de Nisman foi encontrado com perfuração na cabeça, compatível com uma arma de pequeno calibre.


"Alberto Nisman foi encontrado morto no domingo à noite em seu apartamento no 13º andar da torre Le Par, no bairro de Puerto Madero em Buenos Aires", informou o Ministério da Segurança Pública da Argentina em comunicado.


A autópsia do corpo já foi concluída e o resultado estão em mãos da justiça, informa o "Clarín". Os dados preliminares serão divulgados para a imprensa entre a tarde e a noite desta segunda.



Suspeita de suicídio


A suspeita é que ele tenha se suicidado, ainda que as circunstâncias de sua morte não tenham sido esclarecidas e que autoridades policiais estejam evitando dar informações sobre o caso. "Todos os caminhos levam ao suicídio", declarou o secretário de Segurança, Sergio Berni.


O funcionário afirmou que a presidente Kirchner foi notificada do caso e que as perícias foram feitas "com absoluta transparência em frente ao juiz, à procuradora e com a presença de testemunhas e da família de Nisman", disse o canal de notícias TN. A uma rádio, Berni disse que a reação da presidente foi "a mesma de todos, de uma surpresa muito forte e depois de comoção devido ao impacto que esse fato tem".


O governo argentino ofereceu apoio para esclarecer a morte. "O juiz tem todo o apoio por parte das forças de segurança para garantir o esclarecimento deste fato doloroso", disse o chefe de Gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich.


"Me dói terrivelmente que tenha ocorrido isto", afirmou o secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández, que pediu que a morte do promotor não interrompa a investigação. "Agora o importante é que sigam adiante as investigações. É preciso analisar o que há revelado nos expedientes", acrescentou Fernández ao canal "Todo Noticias".



Oposição pede investigação rápida


[caption id="attachment_12508" align="alignright" width="225"]Promotor que denunciou presidente da Argentina é encontrado morto em Buenos Aires Local do atentado em 1994 em Buenos Aires, que deixou 85 mortos. (Foto: Alejandro Pagni)[/caption]

O prefeito de Buenos Aires e candidato presidencial nas proximas eleições Maurício Macri pediu uma investigação rápida sobre a morte do promotor Nisman.


“Esperemos que haja uma justiça independente e rápida, não podemos esperar que a justiça nos submeta aos processos aos quais nos têm acostumado: tem que ir a outra velocidade, porque precisamos de clareza sobre o que aconteceu”, disse em coletiva de imprensa.


“É muito importante que a denúncia do promotor siga a diante, que se investigue, que saibamos o que vai acontecer com a equipe e com as provas, que o Congresso siga atuando e leve a investigação adiante. Se esta morte terminar com mais impunidade seria um desastre para o futuro institucional de nosso país”, disse Macri.



Investigação do atentado


Em um relatório de 300 páginas, Nisman pediu uma investigação contra Kirchner, que supostamente teria favorecido a assinatura em 2013 de um Memorando de Entendimento entre Argentina e Irã para poder interrogar os acusados em um terceiro país e avançar em um caso estancado há 20 anos.


A acusação de Nisman foi o último de uma série de confrontos entre funcionários de alto escalão e a justiça argentina sobre o esclarecimento deste atentado. Além da investigação, Nisman havia pedido um embargo preventivo de bens no valor de 200 milhões de pesos (US$ 23 milhões) de Kirchner, do chanceler Héctor Timerman e de outros funcionários.


A denúncia foi recebida com cautela por grupos da comunidade judaica, embora ao longo da semana tenham pedido que as provas que Nisman tinha fossem divulgadas. Segundo o promotor, a posição do governo de Kirchner obedecia a seu interesse pelo petróleo iraniano, porque "buscava restabelecer relações comerciais de Estado a Estado, sem prejuízo dos intercâmbios que já existiam em nível privado".


Promotor que denunciou presidente da Argentina é encontrado morto em Buenos Aires


Para a audiência desta segunda-feira (19), o promotor pedia uma reunião particular, mas parlamentares governistas exigiam que a audiência fosse pública e transmitida pela televisão.



Acusação vil, segundo o governo


O governo argentino rejeitou a denúncia "vil" do promotor. "Depois de anos contando com o apoio político do [falecido ex-presidente] Néstor Kirchner e da atual presidente, o promotor acusa vilmente a política mais ativa (...) em relação ao julgamento e castigo dos responsáveis pelo brutal atentado terrorista", afirmou Timerman em uma declaração na quinta-feira.


A assinatura de um memorando de entendimento com o Irã – denunciado como inconstitucional pela Amia e por outras organizações judaicas – aumentou a tensão nas relações entre o governo de Kirchner e esta comunidade, integrada por 300 mil membros, a maior da América Latina.


O governo defendeu o acordo bilateral com o Irã para investigar os acusados de planejar o ataque. Cinco ex-funcionários iranianos, entre eles um ex-presidente, atuais ministros e líderes religiosos locais, têm uma ordem de captura internacional da Interpol a pedido da justiça argentina.



Israel se manifesta


O governo de Israel expressou sua tristeza pela morte do promotor que investigava o atentado de 1994, em Buenos Aires, e pediu à Argentina que prossiga com a investigação do caso.


"O Estado de Israel expressa sua profunda tristeza pela trágica morte do promotor especial que investigava o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), Alberto Nisman", afirmou o porta-voz da chancelaria israelense, Emmanuel Nahshon, em um comunicado.


"Nisman, um corajoso jurista e combatente da justiça, trabalhou com grande determinação para identificar os executores e autores do ataque", acrescenta o texto.


Promotor que denunciou presidente da Argentina é encontrado morto em Buenos Aires

Argentina,Polícia,Notícias,Cristina Kirchner,Mundo,Crime


Temer ganhou R$ 31,5 milhões de 'vantagens' no 'quadrilhão' do PMDB,
diz PF

Temer ganhou R$ 31,5 milhões de 'vantagens' no 'quadrilhão' do PMDB, diz PF

Liderança de caminhoneiros: protesto só para quando isenção virar lei

Liderança de caminhoneiros: protesto só para quando isenção virar lei

Homem é morto a tiros na porta de casa em Várzea do Poço

Homem é morto a tiros na porta de casa em Várzea do Poço

Pai e filho ficam feridos após carreta tombar na BR-324, em Riachão do Jacuípe

Pai e filho ficam feridos após carreta tombar na BR-324, em Riachão do Jacuípe

Um morre e dois ficam feridos após engavetamento na BR-324, em Salvador

Um morre e dois ficam feridos após engavetamento na BR-324, em Salvador

Suspeitas de crimes sexuais assombram a trajetória do 'BBB'

Suspeitas de crimes sexuais assombram a trajetória do 'BBB'

Capim Grosso - PRF apreende veículo com placa adulterada e conduz
ocupantes para delegacia

Capim Grosso - PRF apreende veículo com placa adulterada e conduz ocupantes para delegacia

MPF denunciará Temer duas vezes nesta semana, diz jornal

MPF denunciará Temer duas vezes nesta semana, diz jornal

Maior chacina registrada no Ceará deixa ao menos 14 mortos

Maior chacina registrada no Ceará deixa ao menos 14 mortos

PM grava áudio antes de cometer suicídio em Riacho de Santana; ouça

PM grava áudio antes de cometer suicídio em Riacho de Santana; ouça