Presos ostentam bandeiras de facções em nova rebelião; número de mortos pode subir

Published at : 15 Jan 2022

Uma nova rebelião tomou conta da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Região Metropolitana de Natal (RN), na manhã desta segunda-feira (16). No fim de semana, pelo menos 26 detentos foram mortos durante um confronto entre presos.


O sistema carcerário do Rio Grande do Norte é dividido entre duas facções: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Sindicato do Crime. As informações foram concedidas pelo advogado Gabriel Bulhões, da Comissão de Advogados Criminalistas da OAB do Rio Grande do Norte ao jornal "Folha de S. Paulo".




[caption id="attachment_51265" align="aligncenter" width="620"] Detentos ostentam bandeiras de facção em telhado de pavilhão do presídio de Alcaçuz, em Natal (Foto: Andressa Anholete/AFP)[/caption]


Segundo o vice-diretor do presídio de Alcaçuz, Juciélio Barbosa, os detentos que se rebelaram estão no telhado da penitenciária e ostentam, inclusive, as bandeiras de suas respectivas facções. "A cadeia está virada. Tem PCC de um lado e Sindicato do Crime do outro. Estão usando tudo: paus, pedras e com bandeiras das facções", relata Barbosa.


As vítimas da rebelião deste fim de semana era do Sindicato do Crime, uma dissidência do PCC que surgiu por volta de 2012. A Polícia Militar foi acionada e está no local, acompanhando a rebelião.


Imagens divulgadas pela imprensa exibem homens sobre os telhados dos pavilhões empunhando paus, pedras e barras de ferro. Vestindo calções azuis, alguns homens enrolaram camisetas brancas na cabeça para esconder o rosto. Alguns portam bandeiras improvisadas com lençóis enquanto gritam palavras de ordem como “a vitória é nossa”, em aparente provocação a integrantes de facções rivais.



Mais vítimas

A suspeita de que mais de 26 presos podem ter sido mortos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz motivou a Secretaria da Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte (Sejuc) a pedir à Companhia de Águas e Esgotos do estado (Caern) que inspecione as fossas existentes no interior da unidade.


Um caminhão e equipes da empresa chegaram à penitenciária, no bairro Potengi, na manhã de hoje (16). Segundo a assessoria da Seju, o trabalho está atrasado devido a um novo tumulto na unidade. As autoridades estaduais de segurança pública negam tratar-se de mais uma rebelião, mas admitem que, devido ao “clima tenso”, adiaram também o início da revista nas celas e a recontagem de presos.



Frigorífico

Ontem mesmo, o Itep já tinha sido autorizado a alugar um contêiner frigorífico para armazenar os corpos encontrados em Alcaçuz. Embora o instituto disponha de duas câmaras frias com capacidade para abrigar entre 20 e 30 corpos em cada uma delas e receba, em média, cinco corpos diariamente, a diretoria do Itep decidiu agir preventivamente para garantir que não falte espaço, caso o total de detentos mortos seja maior que as primeiras informações divulgadas. O valor do aluguel do contêiner não foi informado.



Outra rebelião

Detentos do Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato Fernandes, em Natal, também fizeram uma rebelião na manhã desta segunda-feira. A rebelião começou por volta das 3h e não há informações sobre o número de mortos.


De acordo com o diretor Alexandro Coutinho, cinco agentes carcerários faziam a guarda quando o motim teve início. Os detentos ameaçavam invadir o pavilhão dois, onde ficam encarcerados os presos com bom comportamento e que ajudam nos serviços gerais. A rebelião, porém foi controlada ainda na manhã de hoje pelo Grupo de Operações Especiais.


Das agências

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