Vinte e dois líderes religiosos foram presos durante a operação "Canaã - A Colheita Final" da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta terça-feira, 6. Eles fazem parte de uma seita, que atuava em municípios da Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
De acordo com a investigação, o grupo praticava os crimes de redução de pessoas à condição análoga à escravidão, tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Ainda segundo a PF, os dirigentes da seita religiosa teriam aliciado pessoas em sua igreja na cidade de São Paulo, convencendo-as a doarem todos os seus bens para as associações controladas pela organização criminosa. Para tanto, teriam se utilizado de doutrina psicológica, sob o argumento de convivência em comunidades, onde todos os bens móveis e imóveis seriam compartilhados.
Trabalho escravo
Depois de doutrinados, os fiéis teriam sido levados para zonas rurais e urbanas em Minas Gerais, nas cidades de Contagem, Betim, Andrelândia, Minduri, Madre de Deus, São Vicente de Minas, Pouso Alegre e Poços de Caldas.
Já na Bahia, foram levados para Ibotirama, Luís Eduardo Magalhães, Wanderley e Barra. Nestas cidades, os fiéis teriam sido submetidos a extensas jornadas de trabalho, sem nenhuma remuneração. Eles trabalharam em lavouras e em estabelecimentos comerciais variados, como oficinas mecânicas, postos de gasolina, pastelarias e confecções.
Por meio da apropriação do patrimônio dos fiéis e do desempenho de atividades comerciais sem o pagamento da mão de obra, a seita teria acumulado um extenso patrimônio, contando com casas, fazendas e veículos de luxo. Atualmente, estaria expandindo seus empreendimentos para o estado do Tocantins, baseados na exploração ilegal.
Investigação
A investigação teve início em 2011, quando a seita estava migrando de São Paulo para Minas Gerais. Em 2013, foi deflagrada a 'Operação Canaã', com inspeções em propriedades rurais e em algumas empresas urbanas. Em 2015, foi desencadeada sua segunda fase: 'De volta para Canaã', quando foram presos temporariamente cinco dos líderes da seita.
Essa é a terceira fase da operação, com a prisão preventiva de 22 líderes da seita, que poderão cumprir até 42 anos de prisão, se condenados.
Durante a operação, foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva, 17 de interdição de estabelecimento comercial e 42 de busca e apreensão. Duzentos e vinte policiais federais e 55 auditores fiscais do Ministério do Trabalho participaram da ação.
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