A Polícia Federal elaborou um relatório após analisar objetos e documentos que foram apreendidos no apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), no Rio de Janeiro, em 18 de maio. Segundo o documento, há indícios de que o tucano usava dois celulares com linhas telefônicas supostamente registradas em nome de laranjas para fazer ligações sigilosas.
O advogado responsável pela defesa de Aécio, Alberto Toron, disse em entrevista ao G1 que não poderia comentar as conclusões do relatório da PF porque não teve acesso ao relatório. "Eu não tive acesso ao documento. Para responder qualquer coisa, teria que consultar Aécio para ter meios de responder. Sem falar com ele, é absolutamente impossível responder qualquer coisa a esse respeito", disse Toron.
A perícia da Polícia Federal revela que foram encontrados "aparelhos celulares simples" na sala de TV e no closet do apartamento de Aécio localizado no bairro de Ipanema. Os agentes também cumpriram mandados de apreensão em endereços ligados ao parlamentar tucano na capital fluminense, em Brasília e em Minas Gerais.
Segundo a perícia, entre as dezenas de itens recolhidos pelos policiais no imóvel do senador tucano, estavam um celular Nokia e outro LG. "Pelas descrições dos itens 20 e 25 acima, tratam-se de aparelhos telefônicos simples/descartáveis normalmente utilizados para conversas ponto-aponto (análogo a uma rede fechada) com pessoas determinadas/restritas de modo a evitar eventuais vazamentos do número utilizado na ligação, visando a maximização do sigilo das ligações."
O G1 explica que a Polícia Federal solicitou os dados às operadoras de telefonia TIM e Vivo para identificar quem eram os proprietários das duas linhas móveis disponíveis nos celulares encontrados na casa de Aécio. As empresas informaram que os telefones pré-pagos estavam registrados em nome de duas pessoas diferentes: Laércio de Oliveira, agricultor que trabalha no cultivo de café em fazendas do interior de Minas, e Mitil Ilchaer Silva Durao, montador de andaimes com endereço registrado no Espírito Santo.
A PF destaca que Laércio de Oliveira "é uma pessoa simples, agricultor de café que, em tese, não pertence ao convívio social" de Aécio, sugerindo que os dados pessoais do agricultor podem "ter sido usados para habilitação da linha sem o seu consentimento".
Além disso, os peritos descobriram que um dos aparelhos já havia sido registrado em nome de pessoas que tinham vínculos empregatícios com a irmã de Aécio, a jornalista Andréa Neves: Valquiria Julia da Silva, trabalha como empregada doméstica de Andréa Neves desde 2009, e Agnaldo Soares, trabalhou como motorista da irmã de Aécio no ano passado.
O relatório da Polícia Federal considera que os titulares das linhas telefônicas identificadas nos celulares apreendidos são "pessoas simples" e que não se pode "descartar a possibilidade" de terem sido habilitadas "sem o consentimento deles".
O perito responsável pelo parecer também destaca que os últimos registros de ligações realizadas por aqueles aparelhos "não denotam ser de pessoas de convívio social de assinantes daquelas linhas".
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