Cerca de 400 manifestantes estão concentrados em um trecho da avenida Brigadeiro Luís António, perto do Largo da Batata, em Pinheiros. Uma indefinição em relação ao trajeto foi a senha para que policiais mantivessem o grupo em uma espécie de cercado.
Gritos de "Fora, Temer" e contra a polícia militar são os mais repetidos no local. " Essa é a face mais truculenta do golpe. Estão cerceando nosso direiti de manifestação. É a volta da ditadura", disse a estudante Renata Farinari, 23 anos. "O que eles não endentem é que não vai ter arrego, que governo e polícia vão ter que nos enfrentar", completou o também estudante Felipe Siqueira, 19 anos.
Por volta das 21h, a organização do ato sugeriu que houvesse uma desmobilização - e que energias fossem guardadas para o protesto de domingo.
À princípio, muitos gritaram que teria luta e não haveria arrego. Mas, por volta das 21h20, o grupo optou pela desmobilização. Cerca de 200 pessoas voltaram para o largo da batata. No momento, o que restou da manifestação é pacífica.
DEPREDAÇÃO
Um grupo mais raducalizado seguiu para a Rua Cardeal Arcoverde, no sentido da Av. Eusébio Matoso. No trajeto, latas de lixo foram queimadas. Quem estava voltando para casa, nos pontos de ônibus, se assustaram e entraram nos bares próximos. "Cara, que inferno, uma semana inteira trabalhando e na sexta não consigo voltar pra casa", falou o eletricista Américo Chaves, 42. Ainda em um ponto de ônibus, dona Fátima lourdes, 37 anos, segurava firme sua filha de 5 anos no colo: "ela está assustada, assustadíssima", repetia a muher enquanto tentava acalmar a filha.
Na Eusébio Matoso, a confusão foi maior. Pontos de ônibus foram vandalizados e pelo menos duas concessionárias de automóvel tiveram os vidros quebrados. Bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas. A polícia foi para cima e o grupo seguiu para a Marginal do rio Pinheiros, dispersos em pequenas frentes.
Um aposentado, irritado, começou a gritar que os manifestantes deveriam ser presos. Como resposta, ouviu o corinho: "reforma da previdência, reforma da previdência."
Ato no domingo. Os organizadores dos protestos queriam iniciar a concentração a partir das 14h do domingo, mas, nesta quinta, 1, a SSP divulgou nota afirmando que qualquer ato estava proibido no local por causa da cerimônia de passagem da tocha paraolímpica pela avenida. O texto provocou imediata reação dos manifestantes, que reivindicaram o direito constitucional à livre manifestação.
Um acordo firmado entre representantes da Secretaria de Segurança Pública (SSP) estadual e das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular estabeleceu que o protesto de lema "Fora Temer! O povo deve decidir" está liberado para acontecer a partir das 16h30 na Avenida Paulista, em frente ao Masp. A negociação, mediada pelo prefeito Fernando Haddad, encerrou o impasse entre manifestantes e a SSP com relação ao horário do ato.
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