O papa Francisco deu início a uma viagem histórica a Cuba e aos Estados Unidos, rivais no período da Guerra Fria, neste sábado. O Pontífice chegou há pouco a Havana, capital de Cuba, onde foi recebido pelo presidente Raúl Castro. Ele é o terceiro papa a visitar a ilha nos últimos 17 anos - um recorde notável para qualquer país, mas ainda mais para Cuba, dada a sua pequena comunidade católica.
O papa foi saudado como um herói por cubanos que creditam a ele a retomada das relações diplomáticas entre o país e os Estados Unidos. No ano passado, o papa Francisco pessoalmente pediu aos líderes Barack Obama e Raúl Castro para encerrarem as cinco décadas de animosidade que os separavam, e ainda sediou as delegações de ambos os países para finalizar o acerto diplomático. “A visita dele é como um sopro de esperança para Cuba, devido ao papel que ele teve na retomada das relações”, afirma Diego Carrera, um aposentado de 71 anos.
O governo cubano lançou a mão de amplos esforços para reunir multidões para a chegada do papa, chegando a oferecer diárias, lanches e transporte para funcionários públicos, que se aglomeravam na rota que o papa vai utilizar para ir do aeroporto ao lar do embaixador do Vaticano em Havana. O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, disse que a Santa Sé espera que a reaproximação dos países seja seguida pela remoção do embargo norte-americano a Cuba - decisão que há muito é criticada pela igreja.
Na sexta-feira, os Estados Unidos reduziram as exigências para os norte-americanos que querem viajar à ilha e simplificaram os procedimentos para investimentos e transferências financeiras à Cuba. No entanto, um assessor próximo do papa, Guzman Carriquiry, disse que o principal objetivo do papa Francisco ao viajar à Cuba é pastoral, e não político. “O motivo para a viagem é confirmar a fé católica dos cubanos e encorajar a igreja, que vem sofrendo nas últimas décadas”, diz.
Questionado se o papa pretende tratar da questão de dissidentes políticos em Cuba, o porta-voz do Vaticano, o reverendo Federico Lombardi, disse que o tema pode ser suscitado em conversas privadas com Raúl Castro. Em sua viagem, o papa vai passar pela cidade de Santiago para rezar no santuário do padroeiro de Cuba e fará parada em Holguin, demonstrando mais uma vez o seu interesse em conhecer lugares periféricos durante suas visitas. De Cuba, o Pontífice viaja para Washington na terça-feira (22).
Em sua visita aos Estados Unidos, Francisco será o primeiro Pontífice a falar ao Congresso do país e deve confirmar o primeiro santo em território norte-americano, ao canonizar o missionário Junípero Serra. Espera-se ainda que o papa sublinhe a importância dos hispânicos para a Igreja Católica no país.
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