Começa hoje o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário para os beneficiários da Previdência Social. Na Bahia, 1,8 milhão de pessoas vão receber esta que é a parcela mais gorda do dinheiro extra do fim de ano. Isso porque a primeira metade não sofre os descontos de Imposto de Renda e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que só virão na segunda parcela, que será paga de 24 de novembro a 7 de dezembro.
A injeção de recursos na economia baiana será de R$ 905 milhões até o dia 7 de outubro, quando termina o calendário da primeira parcela. O volume é maior do que todo o pagamento feito para beneficiários da região Norte do Brasil. A Bahia é o quinto estado com maior montante de pagamentos.
Mas os números não impressionam o varejo do estado, que está pessimista em relação às vendas. Para o presidente do Sindicato dos Lojistas da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Mota, a situação de instabilidade econômica e política do país não permite uma expectativa melhor. “Em função do comportamento extremamente cauteloso dos consumidores, não temos como projetar se esses recursos irão irrigar a economia com compras ou serão usados para regularizar pendências”, diz.
É o que também acha o representante regional da Associação Brasileira de Shoppings Centers na Bahia (Abrasce), Edson Piaggio. Segundo ele, a maioria dos aposentados e beneficiários deve usar o décimo terceiro para pagar dívidas e manter a carteira fechada depois disso. Piaggio acredita que mesmo os que não têm débitos pendentes não estão dispostos a voltar a gastar.
“A injeção desse valor deve trazer uma melhora para o varejo, claro. Mas não será significativa”, destaca o representante da Abrasce, que ainda não tem a projeção para o setor até o final de 2015.
Dinheiro no banco
O presidente da Associação dos Pensionistas e Aposentados da Previdência Social da Bahia (Asaprev), Marcos Barroso, prevê que dificilmente esse dinheiro sairá do banco. “A prioridade é pagar dívidas já contraídas. A situação da economia tem reflexo em todos os segmentos da sociedade, mas para os aposentados, a situação é ainda mais difícil em razão da perda do valor real dos benefícios e do alto custo com remédios e médicos”.
Já o presidente do Sindicato dos Aposentados, Nilson Baia, é mais otimista em sua análise. Para ele, o comércio pode ter esperanças de botar a mão em parte dos recursos. “O décimo terceiro é a chance que os aposentados têm de comprar bens que desejam depois de uma vida inteira trabalhando”, afirma Baia.
Mesmo assim, indica cautela para quem está pensando em gastar. “A gente aconselha que essas pessoas façam um bom uso do seu dinheiro, principalmente em um momento em que as coisas estão aumentando tanto, como energia, gasolina, medicamentos, alimentação e outros custos”, enumera.
O educador financeiro Antônio de Júlio aconselha os aposentados a quitar empréstimos consignados. “Por mais que seja uma parcela barata, é um custo de 2% a 3% ao mês com os juros. Mas quem não tem essa dívida, pode se permitir um presente melhor ou uma viagem. Um pouco de egoísmo não faz mal a ninguém”, indica.
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