Enquanto apresentadores falavam sobre a interceptação de pacotes com potencial explosivo endereçados ao escritório do ex-presidente americano Barack Obama e à casa da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, nesta quarta-feira, um alarme sonoro interrompeu uma transmissão ao vivo dos estúdios da rede CNN em Nova York.
O alarme disparou porque a própria CNN acabava de se tornar mais um alvo dos pacotes e o prédio, no coração de Manhattan, estava sendo evacuado.
Os três envios desta quarta foram registrados dois dias depois de uma bomba ser encontrada na casa do bilionário americano George Soros.
Pacotes semelhantes também foram enviados para o ex-diretor da CIA John Brennan e o ex-Procurador-Geral Eric Holder, entre outros endereços de autoridades ainda em investigação, nos últimos dias.
Após os anúncios desta quarta, evacuações por pacotes suspeitos estão acontecendo em escritórios de políticos democratas e veículos de comunicação em diferentes partes do país.
O conteúdo dos envelopes, segundo o FBI, ainda está sendo investigado e "se parece com bombas caseiras feitas com tubos".
O presidente Donald Trump classificou os atos como "desprezíveis" nesta tarde, ao lado da primeira-dama Melania.
"A segurança do povo americano é minha mais alta e absoluta prioridade".
A comoção instantânea gerada pelo que pode ser uma ação coordenada por um "serial bomber" - algo como um "bombardeador em série" - gerou condenações como a do vice-presidente Mike Pence, que classificou as ações como "covardes" e "desprezíveis" e disse que elas "não têm lugar neste país".
"Os responsáveis serão levados à Justiça", afirmou o vice-presidente pelo Twitter - em seguida compartilhado por Trump, que completou: "Eu concordo do fundo do meu coração".
'Atos de terror'
Três horas depois da evacuação, o prédio da Time Warner, onde fica a CNN em Nova York, ainda estava sendo vasculhado para averiguação de um pó branco suspeito que foi encontrado junto ao pacote enviado à redação.
Em coro com outras autoridades, o prefeito de Nova York, Bill di Biasio, classificou os episódios como "terrorismo".
"Isso claramente é um ato de terror, tentando minar nossa imprensa livre e líderes deste país por meio de atos de violência", disse Blasio.
À imprensa americana, um porta-voz do Centro Nacional de Contraterrorismo disse que autoridades ainda investigam uma eventual conexão estrangeira com o envio dos pacotes. O FBI assumiu a liderança da investigação.
Diferente da rede de TV, os pacotes enviados a Hillary Clinton e Barack Obama foram interceptados por agentes antes de serem encaminhados para seus respectivos destinatários.
"Os pacotes foram imediatamente identificados durante procedimentos rotineiros de triagem de correio como potenciais dispositivos explosivos e foram adequadamente tratados", disse o Serviço Secreto em nota na quarta-feira.
"Os destinatários não receberam os pacotes, nem correram o risco de recebê-los."
Segundo John Miller, vice-comissário de inteligência e combate ao terrorismo da polícia de Nova York, os pacotes enviados a Clinton e Obama eram "quase idênticos".
'Unir o país'
O destinatário indicado no envelope do dispositivo enviado para a CNN era John Brennan, diretor da CIA durante o governo de Barack Obama, que teve o direito a segurança especial revogado por Trump.
Como remetente dos pacotes enviados à TV e ao bilionário Soros aparecia o nome da congressista da Flórida Debbie Wasserman-Schultz, ex-presidente do Comitê Nacional Democrata e uma importante voz de oposição ao governo Trump.
O comitê da congressista também foi evacuado nesta quarta-feira e é investigado pelo FBI após ter recebido pacotes com características semelhantes aos demais.
"É um momento preocupante", disse ela, "e temos de fazer tudo o que pudermos para unir nosso país".
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, pediu que o "presidente Trump, o Senado, o Congresso, os governadores derrubem a retórica" de divisão e polarização o país.
Após o governador informar que seu escritório também tinha recebido um pacote suspeito, a polícia de Nova York disse que o caso não tem relação com os demais envios de artefatos explosivos.
Voz importante do governo, o presidente da Câmara, Paul Ryan, disse que "não podemos tolerar qualquer tentativa de aterrorizar figuras públicas".
No início de outubro, autoridades afirmaram que "vários pacotes suspeitos de conter a substância letal ricina" foram endereçados ao presidente Trump e a funcionários do Pentágono - eles foram interceptados com sucesso antes de chegarem aos destinos.
A notícia dos dispositivos explosivos também desencadeou uma pequena onda de alarmes falsos. Alguns meios de comunicação informaram que um dispositivo semelhante foi endereçado ao presidente Trump na Casa Branca, até que o Serviço Secreto desmentiu a história.
Fonte: BBC News
Mundo