O número de motoristas multados por estacionar em vagas especiais (para idosos ou pessoas com deficiência) reduziu cerca de 23% no ano passado em comparação com 2015, segundo dados da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador).
Em 2016, foram 4.249 ocorrências registradas pelo órgão, enquanto no ano anterior a Transalvador notificou 5.574 condutores por conta dessa infração.
A redução é avaliada como reflexo da intensificação da fiscalização nas vias públicas e também em locais privados de acesso público, como em shoppings, segundo o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller. No entanto, apesar da diminuição, o número ainda é considerado alto.
“Esse dado reflete também uma pequena mudança na cultura da população em relação ao uso das vagas especiais. Já há alguma conscientização. Nossa fiscalização é intensa e vamos continuar assim, até porque contamos com o apoio da população”, ressalta.
Nos primeiros dias de 2017, 95 condutores foram multados por essa infração, que, no final do ano passado, deixou de ser leve e passou a considerada gravíssima pela legislação de trânsito. Com isso, a penalidade, que era de R$ 53,20 e três pontos no prontuário, passou para multa de R$ 293,47 e sete pontos – o que representa mais de 400% de aumento no valor da sanção para quem for flagrado.
Para Muller, o aumento no valor da multa pode ser um elemento inibidor, mas não o principal. “Ninguém quer ser multado, seja por R$ 53,20 ou R$ 293,47. Nesse caso específico, o valor da multa não influencia tanto. A pontuação é o que mais assusta”, afirma.
Apesar do aumento da penalidade e da sinalização de exclusividade das vagas especiais, ainda há quem cometa esse tipo de infração. Seja em espaços públicos ou em estabelecimentos privados, é comum encontrar casos de pessoas que não respeitam as vagas especiais.
Na última quarta-feira, 25, por exemplo, A TARDE flagrou um destes casos diante de uma agência bancária na avenida Manoel Dias da Silva. Um condutor , sem encontrar um outro local para estacionar, parou o veículo em uma vaga especial, mesmo sem preencher os requisitos necessários para tal.
Para o aposentado Sérgio Moreira, 66 anos, a falta de consciência ainda é grande. “Em shoppings ou nas ruas, as pessoas não respeitam, muitos acham frescura. O problema é que isso nos prejudica, porque nós precisamos dessas vagas, não podemos ficar dando voltas para achá-las, e quando encontramos, são em locais ruins, que dificultam a locomoção”, conta o aposentado, que tem a credencial para uso das vagas para idosos.
Arrecadação
A presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef), Maria Luiza Câmara, concorda com Sérgio. Ela ressalta que a reserva de vagas especiais foi uma conquista, mas lamenta que não seja respeitada.
“Alguns que param dizem ‘vou ali rapidinho e já saio’, o que é um absurdo. As desculpas são as piores. Muitas pessoas não sabem, mas essas vagas têm características diferentes, são maiores, justamente para facilitar a nossa locomoção”, destaca.
Maria Luiza ainda informou que, após o Carnaval, vai procurar o prefeito ACM Neto (DEM) para pedir que o valor arrecadado com as multas seja revertido para entidades voltadas para pessoas com deficiência.
Ela acredita que o aumento no valor da multa vai inibir quem costuma infringir a lei, e diz que a fiscalização tem que ser maior. “Ainda não é o suficiente”.
A Tarde
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