A Lua foi o principal assunto da semana que passou nos círculos espaciais. A Nasa apresentou os primeiros detalhes do seu plano de colocar astronautas no solo lunar até 2024, cientistas chineses publicaram os primeiros resultados científicos de sua exploração do lado afastado da Lua, e uma sonda conseguiu registrar o local de impacto do módulo israelense que tentou, sem sucesso, uma alunissagem em abril.
Na segunda-feira (13), a agência espacial americana enviou ao Congresso uma emenda ao seu pedido de orçamento para 2020, incluindo mais US$ 1,6 bilhão para o desenvolvimento de um módulo de pouso capaz de pousar na Lua com astronautas até 2024, num projeto batizado de Ártemis. Trata-se da irmã gêmea de Apolo na mitologia grega, uma referência ao primeiro projeto que levou humanos à superfície lunar entre 1969 e 1972 (o primeiro pouso, por sinal, completa 50 anos em julho). Desta vez, promete a Nasa, veremos a primeira mulher pisar na Lua.
A iniciativa, contudo, segue com rumos incertos. A proposta da Casa Branca é tirar os recursos necessários do Pell Grant, um programa de bolsas universitárias para americanos de baixa renda, e não é muito provável que essa conversa cole entre os congressistas democratas, maioria na Câmara. E o administrador da Nasa, James Bridenstine, já disse que será preciso colocar ainda mais dinheiro nos anos seguintes para cumprir o prazo.
De concreto, a Nasa selecionou 11 companhias para trabalhos iniciais num módulo de pouso tripulado, alimentados por modestos US$ 45,5 milhões. Seguindo com o noticiário lunar, na quinta-feira (15), um grupo da Academia Chinesa de Ciências publicou na revista científica “Nature” os resultados colhidos durante o primeiro dia lunar na análise de solo feita pelo jipe robótico Yutu-2 na bacia do Polo Sul-Aitken —uma enorme depressão localizada no lado afastado da Lua. O rover chinês foi levado até lá no começo do ano pela missão Chang’e-4, a primeira na história a pousar no hemisfério lunar jamais visível da Terra.
Como esperado, a composição do solo ali é diferente de outras regiões, indicando que pode ser material proveniente do manto lunar. Espera-se que resultados adicionais ajudem a esclarecer não só a origem da Lua, mas também detalhes de como se dá a formação de planetas.
Na mesma quinta, a equipe do orbitador americano Lunar Reconnaissance Orbiter divulgou uma imagem do local de impacto do módulo israelense Beresheet, que tentou realizar a primeira alunissagem privada em 11 de abril. A pancada não foi suficiente para abrir uma cratera, mas deixou uma marca detectável na superfície. Achou muita coisa? A Lua promete se tornar um lugar ainda mais agitado em breve.
Por Salvador Nogueira | Folhapress
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