Grupos do movimento negro se reúnem nesta quarta-feira, 27, às 14h30, para realizar um ato público de entrega da representação do caso Crispim Terral ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), localizado em Nazaré e em seguida irão em direção ao Jardim Baiano.
Crispim Terral denunciou nesta segunda-feira, 25, um caso de injúria racial que sofreu em uma agência da Caixa Econômica Federal, localizada no Largo do Relógio de São Pedro, em Salvador. Segundo o relato, no dia 19 deste mês o empresário teria ido à agência solicitar um comprovante de pagamento de dois cheques efetuados pela Caixa. No local, Terral ficou à espera do gerente por mais de quatro horas e um outro gerente teria chamado a polícia.
Quando os policiais avisaram que ambos teriam que se dirigir à delegacia, foi exigido que Terral fosse algemado. No vídeo, registrado pela filha mais nova do empresário, é possível identificar que o agente policial está imobilizando-o. A Polícia Militar da Bahia (PMBA), informou por meio de nota que os agentes abordaram Terral e solicitaram que ele acompanhasse a guarnição, após o mesmo recusar deixar a agência depois do término do expediente.
Naira Gomes, militante e uma das organizadoras da Marcha do Empoderamento Crespo, é uma das pessoas que subscreve o documento, ela sinaliza a importância em definir a ação como racismo. "Nós do movimento negro não 'arregamos' da exigência que tipifique como racismo. É um crime inafiançável e imprescritível. O entendimento é de que o racismo desumaniza. Ao ferir Crispim, fere a todos, até porque ontem foi Crispim e amanhã poderá ser outros tantos que são violentados", comenta Naira.
"O racismo é contra um grupo de seres humanos. Injúria é algo pontual, contra uma pessoa específica. Mas o que acontece é um motivo [o racismo] que mata, que desumaniza as pessoas negras todos os dias. Então o racismo deve ser identificado como tal porque ele é contra um grupo de pessoas e impede o avanço de que essas pessoas conquistem seus espaços e lugares no poder", acrescenta.
O documento é assinado por Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Assembleia Legislativa da Bahia, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia e a deputada Olívia Santana. O material é subscrito pela Marcha do Empoderamento Crespo de Salvador, Organização de Mulheres Negras (Mahin), União de Negros pela Igualdade (Unegro), Cacheadas e Crespas de Salvador, Instituto Búzios, Candaces: Mulheres Negras e Jovens, Bando de Teatro Olodum, NegraOxum Núcleo Estudos Gênero e Raça Oxumare, Associação Beneficente e Cultural Amuleto, Confraria de Oya, Ilê Axé Torrun Gunan, Ilê Axé Ibecê Alaketú Oulomidá, Afrotur Viagens e Turismo Ltda, Águas de Março Mulheres Colab, Grupo de Pesquisa Firmina Pós Colonialialidade Educação, Corpo, Cultura e Ações Afirmativas, Iniciativa Negra por Uma Nova Política sobre Drogas, Rede Candaces Br e o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros - UNEB/Campus V. (AFROUNEB).
Ato simbólico no banco
Nesta terça-feira, 26, foi realizado um protesto dentro da agência da Caixa onde ocorreu o caso com Terral. Acompanhado por três advogados e da esposa Geni Lima, o empresário esteve na parte interna do banco com lágrima nos olhos.
O ato foi organizado por militantes de entidades negras e ocorreu de forma pacífica.
Fonte: A Tarde
Bahia,Salvador