O juiz Sergio Moro afirmou, nesta sexta-feira, que "não se pode excluir a possibilidade" de que o assassinato de José Roberto Soares Vieira esteja ligado ao caso da investigação da 47ª fase da Lava-Jato, que levou a prisão de José Antonio de Jesus, ex-gerente da Petrobras. Vieira foi morto no último dia 18 com nove tiros no município de Candeias, na região metropolitana de Salvador, na Bahia.
A vítima testemunhou contra o ex-gerente da Petrobras e ajudou investigadores a desvendarem pagamentos de propina. Em depoimento em 21 de novembro, Vieira contou à Polícia Federal (PF) que ele e seu ex-sócio se desentenderam por diversas vezes porque o ex-gerente usava a empresa de ambos para receber pagamentos de terceiros, inclusive de subsidiárias da Petrobras, sem que os serviços fossem prestados.
Moro pediu explicações sobre o caso ao Ministério Público Federal (MPF). Ele deu prazo de cinco dias para que os procuradores possam se manifestar.
"Não se pode excluir a possibilidade de que o homicídio esteja relacionado a esta ação penal, já que, na fase de investigação, o referido acusado aparentemente confessou seus crimes e revelou crimes de outros", escreveu o magistrado.
MAIS DE R$ 7 MILHÕES EM PROPINA
Vieira foi denunciado pela Lava-jato, em dezembro, junto com José Antonio, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Eles teriam recebido R$ 7,5 milhões em propinas, pagas pela empresa NM Engenharia.
Na investigação, o MPF apurou que os denunciados orquestraram repasses, em sua maioria a partir da NM Engenharia, para outras duas empresas sem justificativa econômica. Entre 30 de setembro de 2009 e 13 de setembro de 2015, por exemplo, eles e Luiz Maramaldo, executivo da companhia de engenharia, ocultaram e dissimularam um montante de cerca de R$ 3,8 milhões em repasses provenientes da NM, em proveito de José Antônio, por meio da pessoa jurídica JRA Transportes.
Entre setembro de 2009 e março de 2014, segundo os procuradores, os denunciados ocultaram R$ 7,5 milhões em 55 repasses provenientes da NM, também em proveito do José Antônio, por meio da JRA Transportes, Queiroz Correa e da pessoa física Adriano Correia. Os valores eram depositados em contas de parentes do ex-gerente da Transpetro e de José Roberto.
A denúncia aponta que Vieira era ligado ao ex-gerente da Transpetro e que junto com Adriano Silva Correia lavou dinheiro de propinas em 304 oportunidades. Os recursos ilícitos eram divididos entre o ex-gerente e integrantes dos Partidos dos Trabalhadores (PT), segundo o MPF.
Fonte: O Globo
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