Apesar da repressão ao uso e confecção de espadas, pessoas continuam soltando esses fogos em Cruz das Almas (a 146 quilômetros de Salvador). Em toda a cidade, pessoas utilizavam o artefato. Com rondas feitas pela Polícia Militar, os locais se restringiram a poucos pontos, como as ruas da Estação e das Poções.
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Desde 2011, uma decisão do Tribunal de Justiça (TJ-BA) proíbe a confecção, uso e vendas de espadas. "Uns rapazes estavam testando. Eles sabem que é proibido, mas mesmo assim não deixam de soltar. Eles estão experimentando para amanhã [segunda-feira]", contou um morador, que não quis se identificar.
A aposentada Lurdes Pereira, 84, mora há 64 anos na cidade e, uma ocasião, uma espada entrou na casa dela e a atingiu na cabeça. "Quase morri", contou. Hoje, na entrada da casa há várias proteções. "Acho uma estupidez. Não entendo como ainda soltam, se é proibido. A gente tem que ficar em casa, de castigo. A espada acaba com as telhas e, se entrar, destrói o que há na frente", afirmou.
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O auxiliar de serviços gerais Valdomiro Fonseca, 40, e o sobrinho Wellington Santos também se protegem. "Todo ano colocamos a proteção. É proibido, mas a gente sabe que há clandestinos. O pessoal fabrica fora", alertou.
Na rua da Estação, moradores disseram que no sábado soltaram espadas no local. "A cidade perdeu muito com a proibição. Muito turista vinha para cá ver e deixou de vir", pontuou um morador, que disse gostar de espadas, mas nunca ter soltado uma.
A promotora de justiça Semiana Cardoso ressaltou que, em maio, foi emitida uma recomendação para que a polícia fiscalizasse a proibição. "Foi enquadrado no Estatuto do Desarmamento. Não pode confeccionar e nem o uso individual. Se alguém for flagrado, pode ser conduzido à delegacia", disse Semiana.
Nos últimos dez dias, cerca de 800 dúzias de espadas foram apreendidas pela PM. O tenente-coronel David Lanzillotti disse que o material estava em duas fábricas, na cidade e em São José de Ituporã, distrito de Muritiba. Lanzillotti contou que, após a proibição, o número de queimados tem caído. Ontem, na Unidade de Pronto-Atendimento não havia feridos por fogos. Segundo o oficial, há indícios de que espadas sejam feitas em Itaparica e zonas rurais. "É uma tradição secular. Não vamos conseguir acabar de uma hora para outra", ponderou.
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Fonte: A Tarde
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