O presidenciável Jair Bolsonaro conferiu o desenvolvimento do programa econômico a um ultraliberal. Paulo Guedes, CEO do Bozano Investimentos e doutor pela Universidade de Chicago, tem conversas quinzenais de quatro a cinco horas com o deputado para debater temas econômicos.
Em entrevista ao jornal 'Folha de S. Paulo', Guedes defende a privatização radical e critica o plano econômico da Constituição de 88.
"Nós perdemos tempo no combate à inflação. A morte do Tancredo [Neves, em 1985] foi uma infelicidade. O Tancredo era um veterano de 1964, quando ele viu a democracia se perder pelo problema inflacionário. Quando ele vê a inflação subindo, entra dizendo: é proibido gastar, vou controlar os gastos públicos. Quando nós fomos para congelamento de preços, Cruzado, esse tipo de coisa, nós nos perdemos, nós fomos na direção da Venezuela, para a hiperinflação", diz.
O economista diz que "privatizar tudo" é a solução para zerar a dívida mobiliária e a dívida pública federal interna.
"É só fazer a conta: dois anos atrás foram R$ 500 bilhões e ano passado, R$ 380 bilhões de juro da dívida. Bota isso 25 anos. Dava para ter acabado com a miséria?", diz.
"O governo é muito grande, bebe muito combustível. Mas se você olhar para educação, saúde, ele é pequeno. Já que a democracia vai exigir a descentralização de recursos para Estados e municípios, o governo federal tem que economizar. Onde? Na dívida. Se privatizar tudo, você zera a dívida, tem muito recurso para saúde e educação. Ah, mas eu não quero privatizar tudo. Privatiza metade, então. Já baixa metade da dívida", completa.
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