Um ano depois do maior desastre de vazamento de óleo do país, a Marinha finalizou a primeira parte das investigações sem apontar culpados e sem revelar a origem exata do derramamento que atingiu o litoral de nove estados do Nordeste e dois do Sudeste, totalizando 130 municípios.
Segundo o inquérito, o petróleo foi derramado a uma distância de 700 quilômetros da costa brasileira e trafegou submerso por 40 dias.
De acordo com o diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha, contra-almirante João Alberto de Araújo Lampert, a investigação confirmou que o óleo é de origem venezuelana, o que não significa que ele tenha sido lançado por navios ou empresas daquele país.
“É um óleo de origem venezuelana, não querendo dizer que esse óleo foi largado da Venezuela. Nós estudamos algumas hipóteses, como por exemplo a exudação, que é o óleo que vem do solo, que é a saída do petróleo do subsolo marinho. Navios fantasmas, navios que não são fantasmas, naufrágios”, explica o porta-voz.
Segundo a Marinha, a investigação teve início com um universo de cerca de mil navios como possíveis fontes do vazamento de petróleo. E afirma que, hoje, há “alguns suspeitos”.
O relatório final da instituição foi encaminhado na segunda-feira (24) para a Polícia Federal (PF), que conduz o inquérito criminal. A PF informou que a investigação prossegue e que só vai se pronunciar quando os trabalhos forem concluídos.
Como ainda não há identificação dos responsáveis pelo vazamento de óleo que matou animais marinhos, se impregnou em arrecifes, poluiu praias e prejudicou milhares de pescadores, “os custos relativos às atividades de resposta e mitigação serão cobertos pelo poder Executivo Federal”, conforme indica o Plano Nacional de Contingência para incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional.
Informação obtida pela reportagem da TV Globo e do G1 via Lei de Acesso à Informação (LAI) aponta que trabalhos realizados pelo governo federal, das ações de resposta ao incidente até a investigação, custaram aos cofres públicos R$ 172 milhões.
Somente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) gastou quase R$ 5,9 milhões com diárias, horas de voo e custos de manutenção e abastecimento. A entidade empregou 200 servidores, dois helicópteros e uma aeronave nos trabalhos que resultaram num relatório técnico.
O documento não determina o local exato do derramamento de petróleo. “A ausência de detecção de manchas de óleo por todos os sensores utilizados vem demonstrar que o óleo não estava derivando na superfície do mar, e sim em sub-superfície, ficando, portanto, indetectável por sistemas remotos”, diz o relatório.
Para a Marinha, o desastre ambiental deixa ensinamentos para além das responsabilizações que ainda não chegaram. “Esse crime ambiental deixa algumas lições. Uma delas é a necessidade de evoluirmos na nossa capacidade de monitoramento”, admite o contra-almirante João Alberto Lampert.
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