Ao menos 21 cidades brasileiras registraram neve até esta sexta (21) devido à massa de ar polar que chegou ao país durante a semana. O fenômeno foi observado em todos os três estados da Região Sul, segundo levantamento feito por ÉPOCA junto aos órgãos de meteorologia e Defesa Civil.
Em Santa Catarina, estado onde houve mais ocorrências, 11 municípios enfrentaram a neve, de acordo com levantamento da Epagri/Ciram. Nas regiões serrana e sul catarinense, teve queda de flocos em Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urupema, Urubici e Grão Pará. Na Grande Florianópolis, a precipitação aconteceu em Anitápolis, Rancho Queimado e Major Gercino. Também presenciaram neve as cidades de Mafra, São Bento do Sul e Joinville, no norte.
O Rio Grande do Sul teve nove municípios com registros do fenômeno. Segundo a Defesa Civil do estado, ele ocorreu em São José do Ausentes, Bom Jesus, Cambará do Sul, São Francisco de Paula, Gramado, Canela, Jaquirana, Riozinho e Pinheiro Machado. O órgão ainda informou que 20 cidades apresentaram chuva congelada, quando os pingos de água congelam mas se derretem ao tocar o solo.
No Paraná, apenas em Tijucas do Sul, na área do Morro do Araçatuba, houve queda de neve. De acordo com a meteorologista Ana Beatriz Porto, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar), a tendência é que seja o único caso no estado. Isso porque, apesar de o frio continuar, o tempo está secando, ela explica.
A previsão é de que o frio intenso dure até domingo na Região Sul. Nas demais localidades, deve esquentar depois de segunda-feira. A massa de ar polar já alcançou o norte do país e provocou recordes de temperaturas nas capitais de Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com mínimas que beiram os 10 ºC. Em Cuiabá, por exemplo, a queda foi brusca: na última terça (18), o município atingiu 41 ºC, a temperatura mais alta do ano.
Vamos ter um fim de semana ainda bem frio, perdendo intensidade no período da tarde, quando as temperaturas máximas começam a se elevar um pouco. Em relação às mínimas, ainda vai amanhecer bastante frio, com temperaturas negativas, geada e pode voltar a nevar em alguns locais
disse o meteorologista Rogério Rezende, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Ele explica que, ao se deslocar, a massa de ar vai perdendo força e é influenciada pelas características locais. A tendência é que ela chegue até o sul da Bahia e em partes da Região Norte, como o Acre. Nesta sexta, a capital Rio Branco registrou temperaturas equivalentes às de municípios da região da Patagônia, onde o frio costuma ser bem rigoroso.
A temperatura mais baixa verificada no país até esta sexta foi no município catarinense de Bom Jardim da Serra, com - 8,6 ºC, seguido por Urupema, onde os termômetros marcaram mínima de - 7,6 ºC. Considerada a cidade mais fria do Brasil, seu prefeito desaconselhou o turismo para ver neve na região e prorrogou a interdição dos pontos turísticos para evitar aglomerações, em razão da pandemia. Ao todo mais de 40 cidades do estado tiveram temperaturas negativas.
No Rio Grande do Sul, os - 5 ºC marcaram o recorde do ano no município de Quaraí. O dia também foi gelado em São José dos Ausentes (- 4,2°C), Vacaria (-3,4°C) e Cambará do Sul (-3,1°C), por exemplo. No Paraná, a menor temperatura foi em Palmas, cuja medição foi de - 2,8 ºC, segundo a Simepar.
Apesar do forte frio, Rezende refuta o título de "onda de frio histórico". Segundo o meteorologista, trata-se de um inverno padrão com ausência dos fenômenos atmosféricos La Niña e El Niño, que alteram a climatologia. Outra diferença é que a massa polar encontrou com uma frente fria que já adentrava o país, o que causou um contraste de ar frio e seco com umidade e culminou em mais precipitações, tanto de neve quanto de chuva congelada.
Não chamaria de histórico. Primeiro que não podemos falar em onda. São apenas dois, três dias. Em segundo lugar, é um frio característico do nosso inverno, acontece regularmente. Nesse padrão de tantas cidades serem atingidas por neve e chuva, tivemos um episódio parecido em 2013. Mas, a rigor, é um padrão climatológico relativamente normal no inverno do Sul do Brasil
afirmou Rezende.
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