A decisão do DEM em liberar a bancada na eleição para presidente da Câmara dos Deputados e abandonar o bloco de apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), teriam levado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ameaçar aceitar um dos 59 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A informação é do jornal Estado de S. Paulo.
Além desse revés, o PSDB e o Solidariedade podem também abandonar o bloco de apoio a Baleia. Maia teria ficado irritado e cogitou deixar o partido, quando o presidente do DEM, ACM Neto, informou que a maioria dos deputados da sigla apoiaria a candidatura de Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara. Lira é apoiado por Bolsonaro.
A candidatura de Baleia Rossi foi lançada por Maia, em dezembro, que tenta fazer um sucessor. A eleição para decidir os novos presidentes da Câmara e do Senado ocorrem nesta segunda-feira (1.º). Maia conseguiu articular uma frente ampla, inclusive com partidos de esquerda, para tentar viabilizar a vitória de Rossi. Como a votação é secreta, a possibilidade de traições aumenta.
ACM Neto passou na casa de Maia antes da reunião da Executiva do DEM justamente para informar que, dos 31 deputados da legenda, mais da metade apoiava Lira. Pelos cálculos da ala dissidente, 22 integrantes da bancada estão com Lira, que é líder do Centrão.
O PSDB e o Solidariedade têm reuniões marcadas para esta segunda-feira e, diante da fragilidade da candidatura de Baleia, também ameaçam rifá-lo. "Ou mostramos força e independência apoiando claramente o Baleia ou adeus às expectativas de sermos capazes de obter alianças e ganhar as próximas eleições. Se há algo que ainda marca o PSDB é a confiança que ele é capaz de manter e expressar. Quem segue a vida política estará olhando, que ninguém se iluda", disse recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em um grupo de WhatsApp da bancada tucana.
Além das ameaças de Maia, partidos de oposição afirmaram que, com o abandono de Baleia por parte do DEM, também a esquerda poderia desembarcar da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ao comando do Senado. Até agora, Pacheco é o favorito para a cadeira de Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Nos bastidores, deputados comentavam neste domingo que o racha pode afastar o apresentador Luciano Huck do DEM. Huck planeja entrar na política para disputar a eleição para a Presidência, em 2022, e tem flertado tanto com o DEM como com o Cidadania ao defender uma frente de centro para derrotar Bolsonaro.
Estadão Conteúdo
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