O primeiro dia do júri da médica Kátia Vargas - acusada pelo Ministério Público do Estado da Bahia por homicídio triplamente qualificado - já movimenta o Fórum Ruy Barbosa, no bairro de Nazaré, em Salvador, na manhã desta terça-feira, 5. Centenas de pessoas que se inscreveram para acompanhar o julgamento enfrentaram fila para acessar as dependências do Salão do Júri, que foi aberto às 8h.
Ao todo, são 423 vagas, distribuídas para as pessoas com senha, imprensa e familiares da médica e dos irmãos Emanuel e Emanuelle Dias, mortos no acidente de trânsito do qual a ré é acusada, em 2013.
Segundo o advogado de acusação Daniel Keller, a mãe das vítimas, Marinúbia Gomes Barbosa, chegou ao local por volta de 6h30 e entreou pela porta lateral do fórum. "Ela está um pouquinho abalada, sob uso de medicamentos, mas está tranquila em relação ao resultado e acredita na condenação. As provas são fartas", afirmou ele, em entrevista à TV Record.
A ré tem a prerrogativa de não comparecer ao júri, por estar em liberdade provisória. Entretanto, o advogado acredita que ela esteja presente. "Ela tem o direito de não comparecer, mas acredito que venha, até porque, dentro da lógica da defesa, ela vem apresentar os fatos e, a partir daí, teremos a oportunidade de interrogá-la", ressaltou.
Já o promotor adjunto Davi Gallo conversou com a imprensa na sua chegada ao local, na companhia do promotor Luciano Assis.
"Há prova pericial, testemunhal, de todo o jeito. Esperamos o que toda a sociedade espera", disse ele.
Rito
A sessão desta terça começará com o sorteio de sete dos 15 jurados escolhidos para o julgamento de Vargas, quando será formado o conselho de sentença.
Logo após o juramento, os jurados ficarão incomunicáveis, sem poder manifestar opinião a respeito do processo.
O primeiro dia de sessão será marcado pela instrução, quando serão ouvidas as dez testemunhas do caso (cinco para cada lado). É previsto, também, que a ré seja interrogada, caso ela compareça ao tribunal. Passada essa etapa, será iniciado o debate entre a defesa e a acusação.
Primeiro, a fala cabe ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), além do assistente de acusação, que terão 90 minutos para expor as argumentações. Na sequência, será a vez de a defesa de Vargas se pronunciar por igual período.
Caso o MP-BA, representado pelos promotores de justiça Luciano Assis e Davi Gallo, considere necessária a réplica, a acusação terá mais uma hora para fazê-la. Do mesmo modo, a defesa terá direito ao uso da tréplica pelo mesmo tempo.
A juíza presidente da sessão estimou que o resultado do julgamento poderá ser definido em até dois dias.
Caso isso aconteça, os jurados deverão ser levados para um hotel, onde permanecerão incomunicáveis, sem acesso a internet e televisão, sob vigilância de um oficial de justiça.
(Raul Spinassé / Ag. A Tarde)
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