Um trabalhador comprometido e um homem honesto. Este é o perfil do mecânico Marcelo Araújo Melo Souza, 20 anos, descrito pela gerente da oficina de veículos onde ele trabalhava. O jovem foi assassinado junto com a mãe durante atentado na noite de terça-feira (15), em Campinas de Brotas, em Salvador.
Segundo a gerente Marília Gama, Marcelo estava trabalhando havia seis meses na oficina e era considerado um funcionário modelo. "Ele nunca faltou ao serviço, nem chegava atrasado. A gente gostava muito dele porque era um rapaz comprometido e bastante dedicado", contou Marília durante o enterro de Marcelo no cemitério Municipal de Brotas, na manhã desta quinta-feira (17).
Além da gerente, colegas de trabalho do mecânico também compareceram para prestar as últimas homenagens. Os funcionários contaram que estavam organizando um chá de fraldas desde que souberam que a esposa de Marcelo estava grávida. Segundo vizinhos, a mulher de Marcelo está grávida de nove meses - ela acompanhou o enterro na manhã desta quinta-feira, mas não quis falar com jornalistas.
"Ele fazia o polimento dos veículos e fazia um trabalho bem feito, nenhum carro dele voltava com reclamação. Nunca verificamos nada que desabonasse a conduta dele, pelo contrário, às vezes ele comprava comida no comércio que funciona no entorno da empresa e quando recebia o salário pagava as contas direitinho. Nunca recebemos reclamação ou queixa. Era um bom menino", disse Marília.
Amigos e vizinhos de Marcelo fizeram um protesto no início da tarde pedindo por justiça, paz e cobrando mais segurança das autoridades. Duas faixas da Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô), sentido BR-324, foram interditadas durante a manifestação - que já havia sido encerrada por volta das 15h.
Crime
O corpo de Marcelo foi enterrado ao lado do da mãe dele, a lavadeira Ana Araújo Melo Souza, 45. Mãe e filho foram mortos depois de ter a casa invadida por dois homens armados. Segundo testemunhas, cerca de outros dez homens deram cobertura ao crime.
Os bandidos atiraram contra moradores que estavam sentados na porta da casa de Marcelo. O tio do rapaz, o pedreiro Genício Silva de Araújo, 51, estava no grupo e correu para dentro da casa onde morava com o mecânico. Ainda segundo testemunhas, Marcelo estava dormindo, mas acordou com o barulho dos tiros e os gritos dos moradores.
Ele e a mãe foram baleados depois que os bandidos seguiram o pedreiro e atiraram contra a casa. Mesmo baleado, Marcelo foi arrastado para fora de casa e baleado outras vezes. Os bandidos fugiram depois de atirar a esmo por mais um tempo. Ferido, Marcelo voltou para casa, encontrou o corpo da mãe no chão da sala, caminhou até a cozinha e morreu.
O tio Genício foi baleado na perna direita e socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde foi atendido e liberado. Ele disse aos investigadores do posto policial da unidade que o alvo dos criminosos talvez fosse um outro sobrinho dele, de nome Bruno. Moradores refutaram essa informação e disseram que o crime foi provocado por conflitos entres grupos de tráfico rivais.
"Eles são da facção Comando da Paz, que comanda em Cosme de Farias, e são rivais do Bonde do Maluco, que é a facção que comanda por aqui. Eles atravessam a passarela da Bonocô e vem confrontar os rivais. Só que desta vez eles atiraram em trabalhadores", contou um morador um dia depois do crime.
O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
*Com informações de Gil Santos
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