Febre em todo o mundo, smartphones, tablets e outros dispositivos móveis facilitam a vida no dia-a-dia, mas também atraem olhares dos criminosos digitais. Em cinco anos, de 2010 a 2015 (os dados de 2016 ainda não foram divulgados), os golpes virtuais no Brasil cresceram cinco vezes, passando de uma média de 142 mil casos por ano para 720 mil, de acordo com levantamento do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br). Deste total, 54% foram realizados por propagação de vírus maliciosos.
É o caso do phishing, que em português pode ser traduzido como ‘pescaria’. Através de links falsos, enviados por mensagens de email, WhatsApp e SMS, criminosos conseguem ter acesso aos dados dos usuários. Ao clicar no link disponibilizado, a vítima é direcionada para uma página falsa, com design semelhante ao de bancos, onde as informações são coletadas. A partir daí os criminosos passam a ter acesso a informações como CPF e senhas bancárias.
"Quando o usuário dá um clique nesse conteúdo malicioso, tem acesso remoto, por isso a importância de ter no aparelho um antivírus e um anti-malware também. Além de algum tipo de programa que monitore esse tipo de invasão", ressalta Juliana Cunha, coordenadora do canal de ajuda do SaferNet Brasil, ONG fundada por baianos e que trabalha há 12 anos para promover os direitos humanos na rede, inclusive recebendo denúncias anônimas.
"Os usuários precisam suspeitar desses emails e mensagens que prometem coisas e pedem para que as pessoas liguem ou acessem sites, isso é um golpe", continua a coordenadora. Ela lembra ainda que instituições como Polícia Federal e Receita Federal entram em contato apenas através de carta e não enviam mensagens por email e aplicativos. O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR recomenda, ainda, para evitar os golpes, soluções práticas como obter aplicativos de fontes confiáveis, escolher senhas bem elaboradas e ser cuidadoso ao usar redes wi-fi públicas, que não solicitam senhas e não oferecem criptografia.
Um dos golpes de phishing mais aplicado nos últimos meses foi motivado pela liberação do saque das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pelo governo federal. Criminosos aproveitaram a repercussão da retirada do dinheiro para enviar mensagens com vírus. Em uma delas, um falso calendário de saque foi divulgado e ao clicar no anexo os usuários tinham os dados roubados. Em outra, um suposto saldo do FGTS era enviado para as vítimas, que também tinham as informações roubadas ao clicar no link.
Armadilhas
Uma outra modalidade de golpe aplicado nos usuários está relacionado ao aplicativo de mensagem WhatsApp. Com a ajuda de pessoas de dentro das operadoras telefônicas, bandidos conseguem clonar o número de telefone das vítimas e passam a pedir dinheiro a amigos e familiares através do aplicativo.
Desde o final do ano passado, a prática foi flagrada nos estados da Paraíba, Maranhão, São Paulo, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. Para ter acesso à conta da vítima, os criminosos cancelam o número de telefone dos usuários e fazem a ativação em outro aparelho. O tempo entre a vítima perceber e corrigir o problema é o suficiente para que o golpe seja aplicado.
“Esses crimes e golpes na maioria das vezes atingem pessoas que, de um modo geral, estão mais vulneráveis. Por isso educamos e prevenimos para que elas estejam preparadas. É importante manter o dispositivo atualizado com programas de segurança, seja o celular, o notebook, com um antivírus, um anti-malware", reforça Juliana Cunha.
Responsável por investigar os crimes cibernéticos, o Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meio Eletrônicos afirma, no entanto, que o golpe ainda não foi registrado na Bahia.
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