Um morador da cidade de Prado, no Extremo Sul baiano, denunciou o secretário de assuntos indígenas do município, Ricardo Azevedo de tê-lo agredido. De acordo com Janderson Martins, ele foi alvo de um ataque no último sábado (23) enquanto fazia fotos da praia de Ponta do Moreira. O secretário negou as acusações.
De acordo com Janderson, ao chegar no local ele foi cercado por um grupo de indígenas. “Foi uma tentativa de homicídio. Vi que os índios estavam na área que eles invadiram e, quando eu parei o carro, fui cercado. O secretário de assuntos indígenas me abordou e disse que eu estava proibido de entrar lá. Que a terra era deles. Nisso chegou um outro cacique que já me agrediu em maio do ano passado e, quando eles começaram a me agredir, entrei no carro peguei minha câmera e comecei a gravar”, contou.
Ainda de acordo com o fotógrafo, o grupo tentou quebrar o carro dele. “O secretário foi o que mais tentou quebrar o vidro. Nesse momento eu escutei um tiro que pegou duas janelas do meu carro. Nisso que fugi e eles me perseguiram, colocaram um trator pra fechar a estrada e tive que jogar o carro pra cima do barranco pra fugir das agressões”, contou.
Os conflitos teriam como justificativa um imbróglio por terras na região. De acordo com o fotógrafo, os indígenas querem ocupar uma terra que já tem proprietário. O secretário de assuntos indígenas negou as acusações e rebateu.
“A gente vem sendo ofendido e sofrendo violências aqui dentro da aldeia. Temos carta aberta de todas as ameaças e agressões que sofridas por essa comunidade. Sofremos agressões de um suposto dono da terra, e o fotógrafo Janderson Martins vem agredindo essa comunidade. Ele faz vídeos e denúncias referentes às lideranças. Faz filmagens da comunidades com drones sem autorização para passar para os supostos proprietários para eles traçarem estratégias de ocupação de territórios”, contou.
O secretário negou as agressões, mas disse ser "impossível" conter a revolta dos membros da comunidade com o "descaso com os verdadeiros donos da terra". “Não trisquei um dedo nele. Alguém jogou um pedaço de pau e acabou tingindo o carro dele, mas ninguém tocou nele. Ele pode, inclusive, fazer um exame de corpo de delito”, disse.
O Bahia Notícias entrou em contato com a Polícia Civil para entender o caso. De acordo com a instituição, a Delegacia Territorial de Prado instaurou um inquérito para apurar um atentado cometido contra o fotógrafo. “Vídeos que mostram pessoas tentando agredi-lo já fazem parte do procedimento, algumas oitivas foram realizadas e as apurações estão em andamento. Mais detalhes não podem ser divulgados para não interferir na investigação”, diz nota.
Por Vitor Castro / Bahia Notícias
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