Um flor típica da região do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia, que não desabrochava há 17 anos voltou a florescer sobre tocos de árvores queimadas numa área devastada por um incêndio na Serra da Larguinha, entre os municípios de Palmeiras e Lençóis.
As imagens do vale de flores da espécie Candombá que se formou no local foram feitas pelo fotógrafo baiano Rui Rezende. Ele fazia uma trilha com um dos filhos através do Vale do Capão para chegar até a Caachoeira da Fumaça, a segunda cachoeira mais alta do Brasil, quando se deparou com a cena rara.
[caption id="attachment_34993" align="alignleft" width="300"] Flor da espécie Candombá é típica da Chapada Diamantina (Foto: Reprodução/TV Bahia)[/caption]
"Foi uma grata surpresa. A gente estava indo em direção à Cachoeira da Fumaça por baixo. Eu tava levando o meu filho mais uma vez por essa trilha junto com os amigos quando me deparei com aquela cena na subida da trilha. Numa fotografia de natureza, a gente se depara com cenas sempre impressionantes. E dessa vez não foi diferente", destacou.
De acordo com o botânico Abel Augusto Conceição, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), as flores da espécie Candombá dependem do fogo para florir.
Somente nos três últimos meses do ano passado, incêndios devastaram 51 mil hectares na Chapada Diamantina, segundo a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia.Do total, 15 mil hectares atingidos pelas chamas ficam dentro do Parque Nacional, que é uma área de preservação ambiental que abrange seis municípios. Os focos só se extinguiram por completo após chuvas, em janeiro.
[caption id="attachment_34994" align="alignleft" width="300"] Candombá floresceu sobre tocos de árvores após 17 anos na Bahia (Foto: Reprodução/TV Bahia)[/caption]
"Essa florada exuberante e maravilhosa é uma cena extremamente rara. Essa população de candombá floresceu há 17 anos e somente agora deu flor novamente. Ela depende do fogo, e só floresce com o fogo. Então, se não pegar fogo não tem flor. Ela só existe dentro do parque nacional da Chapada. No caso do Candombá, ela floresce depois de 30 dias do fogo. Além disso, a quantidade de néctar é fabulosa", destaca o especialista.
Ao logo da carreira, Rui Rezende conta que já fotografou várias vezes a Chapada Diamantina, inclusive durante as queimadas provocadas pela ação humana no ano passado. "Elas [as árvores] queimam completamente. Fica o toco preto, e qualquer pessoa que olhe vai ter certeza absoluta que aquela planta está morta. É uma cena fantástica. É coisa da natureza. O homem vem com o fogo, e a natureza vem com flores", comenta.
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