Após cinco anos desde a última grande ofensiva terrestre contra a Faixa de Gaza, Israel decidiu nesta quinta-feira (17/07) invadir o território palestino por terra. Por ordem do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tropas israelenses entrarão em Gaza para dar início a uma nova etapa da Operação Margem Protetora, que, ao longo dos últimos dez dias, tem lançado bombardeios aéreos que já mataram mais de 225 pessoas, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.
[caption id="attachment_3209" align="aligncenter" width="800"] Premiê, Benjamin Netanyahu, autorizou a invasão terrestre do território palestino; soldados já estão em Gaza[/caption]
"O primeiro-ministro e o ministro da Defesa ordeneram que o Exército israelense desse início à operação terrestre com o objetivo de destruir os túneis subterrâneos terroristas construídos em Gaza para dar acesso ao território israelense", assinala o comunicado emitido pelo gabinete do premiê. Tel Aviv afirma que os túneis foram usados por membros do braço armado do Hamas para invadir Israel e "causar danos em massa aos civis".
Desde o início da ofensiva, lançada em 7 de julho, Tel Aviv nunca descartou uma operação terrestre, sinalizando que, a qualquer momento, Gaza poderia ser invadida. No final de semana, Israel já havia feito uma incursão terrestre em Gaza, mas a ação foi pontual e os soldados permaneceram em solo palestino por apenas 30 minutos. Desta vez, a ofensiva terrestre tem contornos mais amplos.
"A operação atingiu sua fase terrestre. Grandes números de tropas iniciaram um esforço específico para destruir os túnes em Gaza", disse o general-de-brigada Moti Almoz, porta-voz das Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla, em inglês). Embora a operação militar esteja inicialmente focada em destruir essas redes de acesso supostamente utilizadas por militantes do Hamas, a ofensiva "serão expandidas se necessário", sinalizou Almoz.
Cessar-fogo
Israel também afirma que a ordem de invasão foi aprovada pelo Conselho de Segurança israelense depois de ter fracassado a iniciativa de cessar-fogo proposta e mediada pelo Egito, aceita por Israel e rejeitada oficialmente pelo Hamas — que afirma ter ficado à margem das negociações.
Como contrapartida, o Hamas propôs que aceitaria um cessar-fogo de dez anos, caso Israel aceitasse as seguintes condições: a libertação dos prisioneiros palestinos recapturados após o acordo que trocou mil detidos palestinos pelo soldado israelense Gilad Shalit, em 2011; a abertura da fronteira entre Gaza e Israel, permitindo o trânsito de pessoas e alimentos; a supervisão internacional do litoral de Gaza, com o fim do bloqueio marítimo imposto por Isarel.
As condições foram apresentadas por Azmi Bishara, ex-parlamentar em Israel e ex-secretário-geral do partido árabe-israelense Balad, obrigado a deixar Israel em 2007, por acusações de suposto envolvimento com o Hezbollah. Falando em nome do Hamas, Bishara também disse que Israel só aceitou a trégua humanitária de cinco horas pedida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para legimitar bombardeios futuros, no caso de o Hamas rejeitar o plano.
De fato, após o breve cessar-fogo cumprido na manhã de hoje, os ataques foram imediatamente retomados, culminando com o anúncio da invasão terrestre israelense no fim do dia.
Cronologia das tensões
A escalada israelense ocorreu após a morte de três adolescentes israelenses na Cisjordânia no final de junho. Como “vingança”, um jovem palestino foi queimado vivo e assassinado em Jerusalém.
Logo após a descoberta dos corpos dos três jovens, Israel iniciou uma ofensiva contra o Hamas. Aviões de guerra passaram a bombardear Gaza destruindo casas e instituições e foram realizadas execuções extrajudiciais. Até agora, quase 600 palestinos foram sequestrados e presos.
A tensão aumentou na região após anúncio, no começo de junho, do fim da cisão entre o Fatah e o Hamas, que controlam a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, respectivamente. Israel considera o Hamas um grupo terrorista e por isso suspendeu as conversas de paz que vinham sendo desenvolvidas com os palestinos com a mediação do secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
*Por OMundi
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