O ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros sete dirigentes da Fifa foram detidos nesta quarta-feira (27) pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos EUA. Os cartolas são investigados pela justiça americana em um suposto esquema de corrupção.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, foram detidos, além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Jackl Warner, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel. O ex-presidente da Conmebol Nicolás Leoz também está entre os acusados, mas não foi preso. Os alvos da operação são principalmente integrantes da Concacaf, como Webb, presidente da entidade que engloba os países das Américas do Norte e Central e do Caribe.
Agentes chegaram no início da manhã (horário local) ao luxuoso hotel cinco estrelas Baur au Lac, em Zurique, onde os dirigentes estão reunidos para um congresso anual da entidade máxima do futebol. A entrada do prédio foi bloqueada e dezenas de jornalistas se aglomeravam no local.
Segundo fontes que estiveram no lobby do estabelecimento, dois policiais carregaram malas e uma pasta com o símbolo da CBF. Pálido e visivelmente nervoso, José Maria Marin foi conduzido a um carro.
As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva.
A Justiça americana indicou que parte das propinas se referiam à organização da Copa do Brasil, Copa Libertadores da América e mesmo da Copa América. Além de corrupção, Marin e os outros dirigentes são acusados de “conspiração” e podem ser extraditados aos EUA. De acordo com os americanos, quem também será acusado é José Hawilla, fundador da Traffic Group.
Além da investigação nos EUA, as autoridades suíças teriam recolhido nesta quarta documentos na sede da Fifa, em Zurique, em uma apuração relacionada à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022 (ver mais no quadro abaixo).
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 14 pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no caso. Além dos detidos nesta quarta, estão também os dirigentes Jack Warner e Nicolás Leoz, os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, e contra José Margulies, um suposto intermediário que facilitava pagamentos ilegais.
O diretor de Comunicação da Fifa, Walter de Gregório, disse em entrevista coletiva que a entidade é parte “prejudicada” pelo episódio, e que está colaborando com as autoridades.
Segundo ele, apesar do momento difícil, a operação desta quarta é uma “coisa boa” para a entidade. De acordo com o assessor, as autoridades suíças relataram que escolheram esta quarta para as prisões por causa da facilidade em encontrar todos os dirigentes acusados no mesmo lugar.
Tensão pré-eleição
O clima de tensão entre os cartolas é evidente. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo tentou questionar o vice-presidente da Fifa, Issa Hayatou, se ele temia também ser alvo de uma operação e a reação de seus assistentes foi a de empurrar o repórter acusando-a de ser “mau-educada”. “Isso é pergunta que se faça?”, gritava um dos seus assistentes.
Rumores entre as delegações também indicavam que Blatter poderia adiar as eleições, marcadas para esta semana. O suíço cancelou sua agenda para o dia e não compareceu a pelo menos dois eventos que ele pediria votos.
Mas a Fifa confirmou que a eleição será mantida. “Obviamente que o momento não é bom. Mas essa era a única forma de limpar”, declarou Walter de Gregório, que insiste que Blatter está “relaxado” e “fora de qualquer acusação”. Ele também confirmou: a Copa de 2018 e 2022 ocorrem na Rússia e no Catar.
Entre os delegados da entidade, muitos se questionavam quantos presidentes de federações tentariam sair da Suíça antes de uma eventual nova operação da polícia.
[caption id="attachment_17770" align="aligncenter" width="620"] Oito dos indicados: Rafael Esquivel, José Maria Marin, Eduardo Li, Eugenio Figueiredo, Julio Rocha, Jeffrey Webb, Jack Warner e Nicolás Leoz (o único da imagem a não ter sido preso nesta quarta-feira).[/caption]
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