[dropcap]E[/dropcap]m cada tentativa de executar um líder terrorista, drones norte-americanos matam pelo menos 28 civis inocentes. Tal proporção ocorreu nos últimos 10 anos nos seguintes países: Afeganistão, Paquistão, Somália e Iêmen, estima o Bureau of Investigative Journalism. As estatísticas foram compiladas pelo Reprieve, um grupo britânico de direitos humanos, que divulgou os dados nesta terça-feira. (25/11).
De acordo com o relatório, o método de eliminar terroristas a partir de múltiplos disparos provenientes de veículos aéreos não tripulados apresenta mais efeitos colaterais graves para os direitos humanos do que soluções em longo prazo: de 2004 para cá, 1.147 civis foram mortos na tentativa de assassinar 41 lideranças de organizações como Al Qaeda e Talibã.
“Bombardeios de drones têm sido vendidos para o público norte-americano sob a justificativa de que esses ataques são ‘precisos’. Mas não há nada rigoroso quando isso resulta na morte de centenas de desconhecidos - homens, mulheres e crianças”, critica a advogada Jennifer Gibson, responsável pelo estudo.
[caption id="attachment_10408" align="aligncenter" width="640"] Vista aérea do rosto da criança, instalação de artistas no Paquistão para protestar contra drones dos EUA, em abril de 2014[/caption]
Uma das principais armas de guerra na gestão do presidente dos EUA, Barack Obama, os drones suscitam questões acerca da capacidade de precisão da inteligência norte-americana. Nos últimos oito anos, por exemplo, inúmeras foram as tentativas de eliminar Ayman Zawahiri, líder da Al Qaeda no Paquistão: em duas investidas em 2006, pelo menos 76 crianças e 29 adutos foram mortos pelos drones, comprovando a ineficiência da ferramenta.
O Paquistão, aliás, é um dos principais alvos dos aviões não tripulados norte-americanos: no país, drones assassinaram 24 lideranças terroristas, mas isso veio concomitantemente à morte de ao menos 874 civis, dentre os quais 142 crianças.
No entanto, há muitas mortes de terroristas que não conseguem realmente ser confirmadas. Há ocasiões, por exemplo, que algumas baixas são registradas e contabilizadas duas vezes. Em outras, a identidade do alvo também se revela errônea.
Além disso, há casos em que líderes são encontrados mortos em circunstâncias diferentes de ataques aéreos. Paralelamente, existem sérios problemas com a análise de dados de ataques de drones dos EUA, já que muitas ofensivas ocorrem embaixo do pano oficial. Fonte: Opera Mundi.
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