No terceiro dia de protesto dos caminhoneiros contra o aumento dos preços do diesel, o Estado de Pernambuco sentiu para valer os efeitos da manifestação. No início da manhã de terça-feira, foram registrados 11 pontos bloqueios em rodovias do Estado, incluindo no acesso ao Porto de Suape, no município do Cabo de Santo Agostinho, onde está localizada a Refinaria Abreu e Lima e a Transpetro. Na região metropolitana do Recife, já há posto de combustível vendendo o litro da gasolina a R$ 8,99.
Em pelo menos 30 municípios houve falta de combustível nos postos, além de filas gigantescas nos estabelecimentos onde ainda havia estoques.
Na Região Metropolitana do Recife o preço da gasolina chegou a ser comercializada a R$ 9 e o álcool a R$ 7. Os usuários do transporte público também sofreram em função da redução de 8% do total de coletivos circulando durante o dia, o que representou o corte de 2 mil viagens. De acordo com informações do Grande Recife Consórcio de Transportes, responsável pela gestão do Sistema de Transporte Público de Passageiros, cerca de 1,5 milhão de passageiros foram impactados com a redução da frota na RMR.
Nas ruas do Recife e RMR, durante todo o dia, o movimento nos postos foi intenso. Em alguns dos principais corredores de trânsito as filas, que se estendiam por quilômetros, causaram grandes congestionamentos. Escolas, Universidades, diversos órgãos públicos e até o comércio tiveram o funcionamento afetado.
A Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) expediu uma recomendação para que o ponto dos servidores e terceirizados que trabalham na instituição fossem abonados em caso de atraso ou falta em função das dificuldades de transporte e circulação. À noite a instituição optou por cancelar as aulas e o expediente administrativo até o meio dia de hoje.
O advogado Petrus Dias, 32, ficou sem combustível e teve que desmarcar alguns compromissos de trabalho para tentar abastecer seu veículo. “Não imaginei que a situação ficaria tão ruim. Fui para a reunião com um cliente ontem à noite em um município vizinho e ia abastecer hoje pela manhã, logo cedo, mas não consegui de jeito nenhum. Fui em mais de 15 postos e não havia combustível. O jeito foi deixar o carro e tentar cumprir os outros compromissos de táxi, a pé ou de transporte coletivo”, contou enquanto tentava pegar um táxi no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife.
No Aeroporto Internacional Guararapes, no Recife, a possibilidade de cancelamento de vôos por falta de combustível preocupou passageiros. De acordo com um alerta emitido pelo Núcleo de Acompanhamento e Gestão Operacional (Nago), ligado a Infraero, o estoque de combustível para o abastecimento das aeronaves só duraria até o final da tarde de ontem. Apesar disso, no início da noite nenhum cancelamento havia sido confirmado.
A dentista Sofia Dutra, 34, chegou ao aeroporto às 15h - com quatro horas de antecedência do horário de embarque – na tentativa de evitar “surpresas”. “Fiquei muito preocupada. Estou indo para São Paulo, num voo no começo da noite, para acompanhar a minha mãe que fará uma cirurgia. Ela precisa de mim. Até tentei ver a possibilidade de antecipar minha ida em outro vôo. Já ouvi rumores de que pode faltar combustível e estou realmente preocupada”, contou.
Estadão Conteúdo
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