O aumento do desemprego no País, que atinge todas as faixas, mas em especial os brasileiros com 18 a 24 anos, castiga também os jovens com maior nível de escolaridade, que até pouco tempo atrás eram os menos afetados pela escassez de trabalho.
Em dez anos, saltou de 528 mil para 830 mil o número de jovens que se formam anualmente nas universidades brasileiras. Essa geração, beneficiada pelo acesso mais amplo ao ensino superior, chega ao mercado e se depara com a falta de vagas.
“Terminei a faculdade em julho do ano passado e esperava que as empresas pudessem me dar uma oportunidade, mas não foi isso que aconteceu”, diz Mateus de Oliveira, 21 anos, formado em Gestão de Recursos Humanos.
Ele mora em Olinda (PE) com a irmã e a mãe. Os três sobrevivem com o salário mínimo da mãe e com a pensão que o pai paga. Oliveira se diz “desesperado”. “Estou aceitando qualquer vaga, até de vendedor em shopping". Além das necessidades básicas, ele quer se livrar de uma dívida de R$ 2 mil no cartão.
Dados da última Pesquisa Mensal de Empregos (PME), do IBGE, mostram que a taxa geral de desemprego foi de 6,4% em abril. Entre os jovens, essa taxa foi duas vezes e meia maior, e ultrapassou os 16%.
Para Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador e professor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), apesar de o desemprego estar crescendo em todas as faixas etárias brasileiras, os jovens tendem a sofrer mais em casos de conjuntura desfavorável. “Em geral, o jovem é menos experiente, está em processo de escolarização e é menos produtivo. Numa recessão, a tendência é justamente cortar os trabalhadores menos produtivos”, diz Moura.
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