O corpo da policial militar Dulcineide Bernadete de Souza, 44 anos, morta enquanto trabalhava em um posto de saúde no bairro de Pituaçu, em Salvador, na última segunda-feira (16), foi enterrado na tarde desta terça-feira (17), no cemitério Bosque da Paz.
Ela foi a 17ª policial militar assassinada em 2015 no estado da Bahia. Cerca de 600 pessoas participaram da cerimônia, entre elas o secretário de segurança do estado, Maurício Barbosa, e o comandante da Polícia Militar, Anselmo Brandão.
Enterrada com honras militares, Dulcineide recebeu uma homenagem das policiais femininas que fizeram o curso de formação da PM com ela, no ano de 1999. Nas camisas vestidas pelas colegas de Dulcineide, estava estampada uma foto da soldado e a frase “O sangue derramado também é meu”.
Entre as policiais militares que participaram da homenagem, o clima era de tristeza e comoção. Não faltaram elogios à Dulcineide, que, segundo as colegas, era uma policial responsável e uma pessoa amorosa.
“Ela era um amor de pessoa, andava sempre com um sorriso no rosto. Foi uma perda muito grande. Não era só uma colega de trabalho para mim mas uma amiga”, afirmou a soldado Lucilda.
A soldado Vânia, também colega de Dulcineide no curso de formação, cobrou justiça em relação às mortes de policiais em serviço. “Estamos aqui para mostrar que ela foi vítima do sistema. Somos mães, irmãs, filhas. Saímos de casa e não sabemos se vamos voltar”, contou Vânia.
O coronel Reis, subcomandante geral da Polícia Militar, chefe da unidade onde Dulcineide era lotada, lamentou a morte da soldado. “Ela era uma excelente policial, muito conhecida. Muitas pessoas foram mobilizadas para vir ao enterro por causa dela”, afirmou o coronel. Algumas pessoas levantaram a voz durante o enterro e cobraram uma atuação mais efetiva da Secretaria de Segurança Pública na proteção dos policiais.
Em resposta, o coronel afirmou que os policiais militares enfrentam uma insegurança que atinge cidadãos de todas as esferas sociais. “O PM é um cidadão como outro qualquer. Há insegurança na nossa sociedade e o PM também está exposto a essa insegurança. Quando alguém morre, é um fato a se lamentar. As pessoas ficam comovidas e dizem esse tipo de coisa”. Dulcineide deixa um filho, já adulto, e um noivo.
Prisão
Também na tarde desta terça, um homem admitiu ter participado da morte da soldado Dulcineide. Lucas Silva dos Santos, conhecido como Machuca, de 22 anos, foi ouvido na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde confessou o crime.
Violência nos postos de saúde
Segundo Frank Cerqueira, líder comunitário do bairro de Pituaçu, o posto onde Dulcineide foi baleada já havia sido alvo de ações criminosas anteriormente. “Ano passado levaram a televisão do posto.
No mês passado entraram aqui no posto por cima do telhado e vasculharam tudo. Mas a gente não esperava que essa calamidade que ocorreu hoje fosse acontecer”, contou ele.
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