Bombeiro morto em incêndio no Museu da Língua Portuguesa voltou ao prédio três vezes

Published at : 31 Jan 2022

Ronaldo Pereira da Cruz, 39 anos, funcionário do Museu da Língua Portuguesa, morreu vítima do incêndio que atingiu o local na tarde desta segunda-feira (21). Ele trabalhava como bombeiro civil e tentou controlar o foco de incêndio.


Bombeiro morto em incêndio no Museu da Língua Portuguesa voltou ao prédio três vezes


Com várias queimaduras pelo corpo, ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital das Clínicas, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu. Segundo informações da coluna 'Negócios', da revista 'Época', Ronaldo morreu após voltar ao prédio pela terceira vez.


O museu estava fechado para o público nesta segunda-feira. Muito altas, as chamas consumiram boa parte dos 4,3 mil m² distribuídos nos 3 andares do prédio. Por conta do fogo e também da fumaça, a Estação da Luz do Metrô permaneceu fechada na segunda.


Por volta das 18h40 (horário de Brasília), 37 viaturas e 97 homens trabalhavam para extinguir as chamas, segundo o Corpo de Bombeiros.


No museu estão concentrados algumas obras de importantes escritores brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade. Em seus três primeiros anos de funcionamento mais de 1,6 milhão de pessoas já visitaram o espaço, consolidando-o como um dos museus mais visitados do Brasil e da América do Sul.


Velório


Morador da zona norte, Ronaldo Pereira da Cruz nasceu no Brás, região central da capital paulista. A família, de nove irmãos, fugiu do aluguel com ele ainda pequeno, se mudando para Francisco Morato, na Grande São Paulo. "Ele queria ser bombeiro desde criança", disse Silvio Pereira da Cruz, 47 anos, irmão da vítima, à revista 'Época'.


"Disseram que ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, por causa da fumaça", lamentou o irmão. A mulher do brigadista, Rita de Cássia Osório da Cruz, 49 anos, estava inconsolável durante o velório e chorou bastante.


Bombeiro morto em incêndio no Museu da Língua Portuguesa voltou ao prédio três vezes


Suas duas filhas, enteadas de Cruz, permaneceram o tempo todo ao lado do caixão e também choraram muito. "Eles se amavam muito. No Facebook dela, não tem nenhuma foto dela sem ele junto, nenhuma", garantiu Silvio.


A última vez que o casal se viu foi cerca de duas hora antes do incêndio, quando Rita passou no museu para deixar o almoço do marido. Ronaldo foi velado no começo da tarde desta terça no Cemitério de Santana, também conhecido como Chora Menino, na zona norte de São Paulo.


Investigação


O incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa pode ter sido causado por um curto-circuito que teve início com a troca de uma luminária. A informação foi dada por um funcionário do museu a equipes da Defesa Civil, segundo o coordenador do órgão, Milton Persoli. "Uma simples troca de luminária, sem uma prevenção adequada, pode desencadear um processo como esse", disse Persoli.


Bombeiro morto em incêndio no Museu da Língua Portuguesa voltou ao prédio três vezes


De acordo com o funcionário, a troca foi no segundo andar do museu, local onde o fogo começou. Essa não é a única possível causa que está sendo investigada pela polícia. Na madrugada desta terça-feira (22), técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizaram uma primeira investigação no local.


O trabalho de investigação deve avançar a partir do final do trabalho de rescaldo realizado pelo Corpo de Bombeiros. Segundo informações do site G1, pequenos focos ainda apareciam no interior da edificação.


Consequências


Segundo informações do Corpo de Bombeiros ao G1, o fogo e a fumaça afetaram todo o prédio e o museu terá que ser reconstruído. Após o incêndio ter sido controlado, ainda havia risco de queda de parte do telhado.


"Foi uma área bem grande, afetou todos os pavimentos. Praticamente toda a área do museu", disse Rogério Bernardes Duarte, comandante do Corpo de Bombeiros. Por conta disso, trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) não circulam pela Estação da Luz na manhã desta terça.


Correio24h

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