Mais de 23 mil beneficiários do programa Bolsa Família e do auxílio emergencial fizeram algum tipo de doação para campanhas de candidatos a prefeito e vereador nas eleições deste ano. A revelação foi feita pelo jornal O Globo, a partir do cruzamento de informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Ministério da Cidadania. Segundo o jornal, ao todo, mais de R$ 23,8 milhões foram direcionados a políticos em campanha eleitoral.
Os dados levam em conta os repasses tanto de doações financeiras - cerca de R$ 13,2 milhões - como das chamadas doações estimadas - em torno de R$ 10,6 milhões - , onde as pessoas calculam o custo de um serviço oferecido à campanha, como a pintura de um comitê.
Ainda segundo a publicação, a média das doações é de R$ 650. É como se uma parcela das seis recebidas até o momento fosse apenas para o financiamento da campanha de um político.
A quantia recebida pelos candidatos deve aumentar ainda mais, já que o prazo para a entrega da primeira parcial de contas termina neste domingo (25) e muitos deixam para fazê-la no tempo limite. Até a última sexta-feira (23), foram declarados mais de R$ 424 milhões em receitas próprias ou de pessoas físicas, sendo que algo em torno de 5,6% veio de beneficiários dos programas sociais mantidos pelo governo federal.
Ainda conforme levantamento feito pelo O Globo, o maior volume de doação (R$ 13,8 milhões) é de beneficiários para campanhas de terceiros. Já os R$ 10 milhões restantes foram desembolsados pelos próprios candidatos, também cadastrados nos programas.
Leonardo Silva Menezes, candidato à prefeitura de Goianésia (GO) pelo DEM, teve até o momento a maior doação registrada. Beneficiário do auxílio emergencial, segundo dados do Ministério da Cidadania, ele fez um aporte de R$ 71,5 mil na campanha com recursos próprios.
A doação não é irregular, desde que não ultrapasse 10% da renda do ano anterior.
Nas Eleições Gerais de 2018, chegaram à marca de quase R$ 6 bilhões as receitas declaradas à Justiça Eleitoral pelos partidos políticos e pelos candidatos aos cargos de presidente da República, governador, senador, deputado Federal e deputado estadual/distrital. Desse valor, apenas 19,49% – ou R$ 1,1 bilhão – foram oriundos de recursos privados (doações de pessoas físicas). Mais de 80% do financiamento das campanhas, ou R$ 4,8 bilhões, vieram dos cofres públicos.
Agência Brasil
Eleições 2020